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Papa diz compreender os que fogem da Igreja após abusos de menores

Bento XVI chegou a Berlim para uma visita oficial e deve enfrentar protestos

Bento XVI, ao lado da chanceler alemã Angela Merkel: "Posso compreender que as pessoas, especialmente as próximas das vítimas, digam 'esta não é mais a minha Igreja'"
 (Odd Andersen/AFP)

Bento XVI, ao lado da chanceler alemã Angela Merkel: "Posso compreender que as pessoas, especialmente as próximas das vítimas, digam 'esta não é mais a minha Igreja'" (Odd Andersen/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de setembro de 2011 às 12h11.

Berlim - O Papa Bento XVI iniciou nesta quinta-feira uma visita de quatro dias a Alemanha e afirmou compreender aqueles que abandonam a Igreja Católica após os escândalos de abusos sexuais.

"Posso compreender que diante de tais informações, as pessoas, especialmente as próximas das vítimas, digam 'esta não é mais a minha Igreja'", disse o Papa.

Em declarações aos jornalistas a bordo do avião que o levou a Berlim, Bento XVI explicou que não tem nada contra os protestos que se expressam de maneira civilizada.

"É normal em uma sociedade livre marcada por uma forte secularização", disse o pontífice, antes de acrescentar: "Respeito os que se expressam".

O Papa chegou a Berlim para uma visita oficial e pastoral que inclui atividades políticas e ecumênicas, mas também deve enfrentar algumas dificuldades.

A viagem inclui três etapas - Berlim, Erfurt e Freiburg -, com uma agenda pesada para o pontífice de 84 anos. Ele pronunciará 19 discursos, incluindo um no Parlamento alemão, o célebre Bundestag.

Em seu primeiro discurso no país, no castelo Bellevue de Berlim, onde foi recebido pelo presidente da República, Christian Wulff, com honras militares, o Papa afirmou que faz sua primeira visita ao país natal para falar de Deus.

"Não vim aqui aqui fundamentalmente por determinados interesses políticos ou econômicos, como fazem outros homens de Estado, e sim para ver as pessoas e falar de Deus", declarou.

"No que diz respeito à religião, assistimos a uma crescente indiferença na sociedade que, em suas decisões, considera a questão da verdade mais como um obstáculo, e dá pelo contrário prioridade às considerações utilitaristas".

O primeiro papa alemão em 500 anos também fez referência ao passado nazista do país.

"A olhar claro sobre as páginas escuras do passado nos permite aprender e receber impulsos para p presente", declarou.

O presidente alemão pediu à Igreja Católica que viva na realidade e de acordo com sua época.

"A Igreja e o Estado estão separados em nosso país, com boas razões. Mas a Igreja não é 0uma sociedade paralela. Vive nesta sociedade, neste mundo e nesta época. É por isto que ela também deve enfrentar novas questões", disse o católico Wulff.

Na quarta-feira, Wulff afirmou que a Igreja deveria ter mais compreensão com os divorciados. O presidente alemão se divorciou em 2007 e voltou a casar no ano seguinte. O Vaticano não reconhece o divórcio.

Uma série de manifestações de protestos, convocadas pelas vítimas de padres pedófilos, foi organizada nas três cidades que o Papa visitará, principalmente em Berlim.

Apesar de as denúncias contra padres pedófilos serem menor que as registradas em países como Irlanda e Estados Unidos, inúmeros católicos alemães decidiram abandonar a Igreja católica para manifestar sua indignação.

Fontes vaticanas não excluem que o Papa acabe recebendo algumas vítimas dos abusos sexuais cometidos por padres, como já o fez em outras viagens, um gesto que sempre é apreciado.

A associação de vítimas de padres católicos pedófilos, a SNAP, fundada nos Estados Unidos, avivou o tema na semana passada, depois de apresentar uma denúncia contra o Papa e outros três hierarcas da Igreja ante o Tribunal Penal Internacional por "crimes contra a humanidade", uma ação basicamente simbólica, mas que poderá ofuscar a visita papal.

Além dos escândalos de pedofilia, alguns setores católicos alemães reclamam reformas mais profundas dentro da Igreja, enquanto outros rejeitam a visita do pontífice alemão por considerá-lo muito retrógrado.

Segundo as pesquisas, a maioria dos alemães é indiferente à chegada do Papa.

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