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Papa critica "desgaste" da Europa e defende imigrantes

Francisco fez seus comentários contundentes na presença de grandes líderes da União Europeia, entre eles a chanceler alemã, Angela Merkel


	Papa Francisco: o papa fez seus comentários contundentes na presença de grandes líderes da União Europeia
 (Stefano Rellandini / Reuters)

Papa Francisco: o papa fez seus comentários contundentes na presença de grandes líderes da União Europeia (Stefano Rellandini / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2016 às 12h52.

Cidade do Vaticano - O papa Francisco expressou lamento nesta sexta-feira por uma Europa que ele disse ter se tornado "desgastada" e "entrincheirada", e exortou o continente a não enxergar os imigrantes como criminosos.

Francisco fez seus comentários contundentes na presença de grandes líderes da União Europeia, entre eles a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, e os presidentes do Parlamento, da Comissão e do Conselho Europeus.

"O que aconteceu com você, Europa do humanismo, defensora dos direitos humanos, da democracia e da liberdade? O que aconteceu com você, Europa lar de poetas, filósofos, artistas, músicos e homens e mulheres de letras?", indagou.

"O que aconteceu com você, Europa mãe de povos e nações, mãe de grandes homens e mulheres que preservaram a dignidade de seus irmãos e suas irmãs, e até sacrificaram suas vidas por ela?"

O papa falava em uma cerimônia na Sala Régia do Vaticano durante a qual recebeu o Prêmio Carlos Magno, conferido anualmente pela cidade alemã de Aachen àqueles que mais contribuíram para os ideais da Europa pós-guerra.

Seus comentários enfatizaram o mal-estar que reina no coração da UE, que vem enfrentando uma crise de dívida longa e contenciosa e mostra dificuldades para absorver um vasto influxo de imigrantes e refugiados, muitos deles fugindo de conflitos como a guerra civil da Síria.

Francisco classificou a Europa como "exausta, e ainda assim rica em energias e possibilidades" e disse que ela está "cada vez mais entrincheirada, ao invés de aberta para iniciar novos processos sociais capazes de envolver todos os indivíduos e grupos na busca de soluções novas e produtivas para os problemas atuais".

O argentino, o primeiro pontífice de fora da Europa em 1.300 anos, disse que o desejo de uma unidade europeia "parece estar esmorecendo" e que "aqueles que cogitam erguer cercas" estão traindo o sonho dos fundadores de uma Europa moderna.

"Sonho com uma Europa que cuida das crianças, que oferece ajuda fraternal aos pobres e aos recém-chegados que procuram aceitação porque perderam tudo e buscam abrigo... Sonho com uma Europa onde ser um imigrante não é um crime", disse.

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