Encontro do Papa com fieis em igreja de Bagdá: é a primeira vez que um pontífice visita o local (Ayman HENNA / AFP/Getty Images)
Carla Aranha
Publicado em 5 de março de 2021 às 15h35.
Última atualização em 5 de março de 2021 às 15h36.
O Papa Francisco, de 84 anos, começou nesta sexta-feira, dia 5, uma viagem histórica pelo Iraque, onde floresceram algumas da civilizações mais antigas do mundo -- a cidade de Babilônia, por exemplo, fica no coração do país, a 90 quilômetros de Bagdá. É a primeira jornada do pontífice ao exterior desde o início da pandemia. Também é a primeira vez que um Papa coloca os pés no Iraque, assolado por guerras nas últimas décadas.
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O pontífice embarcou de manhã cedo em Roma e chegou em Bagdá na hora do almoço. Todos em sua comitiva foram vacinados contra o coronavírus. Na capital iraquiana, o Papa foi homenageado por centenas de iraquianos que os esperavam nas avenidas por onde sua entourage passaria.
"Vou como peregrino para implorar do Senhor perdão e reconciliação depois destes anos de guerra e terrorismo, para pedir a Deus a consolação dos corações e a cura das feridas. E chego ao vosso meio como peregrino de paz”, disse o Papa nesta quinta-feira, dia 4, pouco antes de embarcar para Bagdá.
Airport activities ahead of Pope Francis arrival #Baghdad @thenationalnews pic.twitter.com/uwIg9rUCmX
— Haider Husseini (@haider_husseini) March 5, 2021
Depois de uma calorosa cerimônia de boas-vindas no palácio presidencial, onde foi recebido pelo presidente do Iraque, Barham Ahmed Salih Qassim, o Papa partiu para a igreja de Nosssa Senhora de Anunciação, no bairro Karrada.
The @Pontifex arrives at Baghdad International Airport for the first time in history. #PopeFrancisInIraq pic.twitter.com/3SZnKrZLTm
— R Barwari (@r_barwari) March 5, 2021
O local abriga uma comunidade cristã. Francisco participou de um encontro com religiosos no qual enfatizou a importância da superação e da crença em tempos melhores.
"É fácil ser contagiado pelo vírus do desânimo que às vezes parece difundir-se ao nosso redor”, disse. “O Senhor deu-nos uma vacina eficaz contra este vírus mau: é a esperança". O Papa também enfatizou a importância da coexistência e da valorização da diversidade.
"O Iraque é chamado neste momento a mostrar para todos, especialmente no Oriente Médio, que a diversidade, ao invés de aumentar os conflitos, deveria nos conduzir harmoniosamente para a cooperação no dia a dia da sociedade", explanou.
Nesta sábado, dia 6, o Papa tem um encontro com o Grande Aiatolá Ayyid Ali Al-Husayni Al-Sistani, de 90 anos, em sua residência na cidade de Nasaf. Al-Sistani é o maior líder xiita do país, corrente do islamismo professada por 60% da população iraquaiana. O líder religioso prega o dialógo entre as diferentes religiões e sectos. O encontro é visto como um importante passo na aproximação entre o cristianismo e o islamismo.
Também no sábado, Francisco participa de uma cerimônica ecumênica na região desértica onde ficava antiga cidade de Ur, criada há cerca de 3.800 anos, considerada o local de nascimento do profeta Abraão, patriarca da religiões monotéistas (judaísmo, cristianismo e islamismo). No domingo, o Papa embarca para o norte do país, que foi dominado pelo Estado Islãmico entre 2014 e 2017. Cerca de 40 mil pessoas morreram durante a guerra contra o grupo terrorista. Mossul, com mais de 1 milhão de habitantes, ficou semi-destruída. O pontífice volta à Roma na segunda-feira.