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Papa pede liberdade para Igreja Católica em Cuba

Em visita histórica, Papa pede que Cuba e Estados Unidos sirvam de exemplo em reconciliação

Chapéu do Papa voa quando ele chega em Havana, Cuba - 19/09/15 (Getty Images)

Chapéu do Papa voa quando ele chega em Havana, Cuba - 19/09/15 (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2015 às 20h57.

O papa Francisco pediu neste sábado os meios necessários para que a Igreja Católica exerça o seu trabalho "com liberdade" em Cuba, ao iniciar uma visita à ilha depois de ter conseguido uma distensão com os Estados Unidos, o seu segundo destino nessa viagem.

"Hoje renovamos esses laços de cooperação e amizade (com o governo comunista cubano) para que a Igreja continue acompanhando o povo cubano em suas esperanças e preocupações, com liberdade e todos os meios necessários para levar o anúncio do Reino (de Deus) às periferias existenciais da sociedade", disse Francisco diante do presidente Raúl Castro e do arcebispo de Havana, cardeal Jaime Ortega, na sua chegada em Havana.

A visita de Francisco é a terceira realizada por um pontífice a Cuba, depois das feitas por João Paulo II em 1998 e por Bento XVI em 2012. Esta viagem de oito dias é a mais longa de seu pontificado.

Em sua chegada a Havana, o papa argentino foi recebido pelo presidente Raúl Castro e pelo cardeal Jaime Ortega.

Em suas primeiras palavras, Francisco envio a Fidel Castro, líder da revolução cubana, seus "sentimentos de especial consideração e respeito".

O papa poderá reunir-se com Fidel Castro em Havana, possivelmente no domingo, um encontro emblemático entre duas figuras latino-americanas de grande projeção.

Após a cerimônia de boas-vindas, Francisco entrou no 'papamóvel' e partiu em direção à Nunciatura Apostólica, situada no bairro diplomático de Miramar, recebendo acenos dos milhares de cubanos que encheram as ruas ao longo do trajeto.

Na terça-feira à tarde, Francisco deixará Cuba e viajará para Washington, onde tem dois eventos importantes, um no Congresso e outro na Casa Branca.

Depois visitará a sede da ONU em Nova York e terminará a viagem com um encontro mundial das famílias na Filadélfia.

O papa, de 78 anos, tem uma agenda intensa prevista, com 26 discursos, 8 em Cuba e 18 nos Estados Unidos.

Primeira vez em Cuba

Francisco, o primeiro papa nascido na América Latina, vai visitar pela primeira vez na vida a ilha de Cuba.

Esta é a 10ª viagem ao exterior do pontificado de Francisco, que começou em março de 2013.

A chegada de Francisco provocou entusiasmo nos cubanos, que reconhecem a importância de intervenção para a reconciliação entre Estados Unidos e Cuba após meio século de rivalidade.

Neste sábado em Havana, o pontífice convocou os governantes de Estados Unidos e Cuba a avançarem no processo de normalização das relações diplomáticas, restabelecidas no dia 20 de julho, depois de uma reaproximação iniciada em 2014 graças à sua mediação.

"Há vários meses, estamos sendo testemunhas de um acontecimento que nos enche de esperança: o processo de normalização das relações entre dois povos, depois de anos de distanciamento. Animo aos responsáveis políticos a continuar avançando por esse caminho", declarou.

Na ilha caribenha, o pontífice rezará duas missas campais, em Havana e em Holguín, e uma terceira no Santuário da Virgem da Caridade do Cobre, em Santiago de Cuba.

O papa dos pobres, defensor da natureza, que denuncia a avidez das multinacionais, chegou a uma Cuba maquiada e enfeitada para sua visita.

Em Holguín, fundada pelos espanhóis no século XVI, ele benzerá a cidade da "Loma de la Cruz", um ponto de onde se vê toda o município.

Em Santiago, ele se reunirá com os bispos e rezará pelo futuro de Cuba diante da venerada Nossa Senhora da Caridade, em um país onde o catolicismo convive com a cultura afro-cubana.

Embora não tenha uma visita programada aos presídios, o papa obteve do governo cubano o indulto para 3.522 presos.

Antes da visita, em uma entrevista da televisão do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado e número dois do Vaticano, reconheceu que espera que junto à liberalização econômica e à suspensão do embargo imposto pelos Estados Unidos a Cuba desde 1962, chegue também "uma abertura em termos de direitos humanos".

Algumas vozes críticas reclamaram da reconciliação entre a Igreja e o regime Castro, que deixou os dissidentes sem ninguém que os ouça. Até agora, o papa não tem qualquer encontro programado com eles.

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