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Papa canonizará no domingo papa Paulo VI e monsenhor Romero

Este será o terceiro papa que Francisco converte em santo depois de João XXIII (1958-1963) e João Paulo II (1978-2005)

Papa Francisco: os dois novos santos são figuras representativas da Igreja que o papa argentino impulsiona (Tony Gentile/Reuters)

Papa Francisco: os dois novos santos são figuras representativas da Igreja que o papa argentino impulsiona (Tony Gentile/Reuters)

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AFP

Publicado em 13 de outubro de 2018 às 15h26.

O papa Francisco canonizará no domingo (14) o papa italiano Paulo VI, o pontífice que condenou a pílula anticoncepcional, e o arcebispo salvadorenho Óscar Romero, emblema de uma Igreja comprometida com os pobres.

A cerimônia será realizada na Praça de São Pedro diante de milhares de pessoas, religiosos e autoridades dos dois continentes, entre eles 7.000 salvadorenhos que viajaram para a canonização de Romero (1917-1980), assassinado pelos esquadrões da morte enquanto presidia uma missa.

A canonização de Paulo VI, pontífice de 1963 a 1978, figura histórica do Concílio Vaticano II, que modernizou a Igreja e melhorou a má relação com o Judaísmo, marca um papa que entrou para a história por irritar conservadores e liberais.

Com suas reformas, incomodou os conservadores e depois os liberais por ter assinado em 1968 a polêmica encíclica Humane Vitae, que incluiu a proibição da pílula anticoncepcional, decisão que afastou muitos fiéis.

Este será o terceiro papa que Francisco converte em santo depois de João XXIII (1958-1963) e João Paulo II (1978-2005).

Por décadas acusado de ser marxista e próximo à Teologia da Libertação, o novo santo latino-americano, por sua vez, será venerado nos altares como um exemplo para os católicos de todo o mundo por sua denúncia das injustiças sociais e pela defesa dos direitos humanos.

"É um presente de Deus para o povo salvadorenho, que está sofrendo com tantos crimes da violência social", assegurou à AFP seu irmão, Gaspar Romero, que viajou a Roma para a cerimônia junto com outros sete familiares.

Os dois novos santos são figuras representativas da Igreja que o papa argentino impulsiona, "pobre para os pobres", aberta ao diálogo, mas também sem rótulos: nem progressista nem conservadora.

A canonização de Romero no Vaticano, onde contou com muitos inimigos, reivindica também a figura de um bispo que foi perseguido, humilhado e ameaçado pela própria cúria romana, e que o próprio papa João Paulo II pouco ouvia.

"O caminho para ser santo esteve cheio de dificuldades. Não era um revolucionário, mas vários cardeais latino-americanos fizeram de tudo para bloquear o processo, pois o identificavam com a Teologia da Libertação", explicou em conversa com a imprensa o professor Roberto Morozzo Della Rocca, autor de uma extensa biografia sobre o bispo salvadorenho.

Canonização

"Os dois novos santos são figuras que representam o diálogo e o compromisso pelos demais e por um mundo mais justo", comentou com a AFP o monsenhor Vincenzo Paglia, postulador da causa de canonização de Romero.

Beatificado em maio de 2015, o assassinato de Romero em 24 de março de 1980 por um comando de extrema direita marcou o começo de uma dolorosa guerra civil em seu país, que durou até 1992, e deixou 75.000 mortos e ao menos 7.000 desaparecidos.

Apesar de não pertencer à corrente da Teologia da Libertação, reprimida especialmente durante o pontificado de João Paulo II, Romero foi defensor dos pobres, denunciou as perseguições em seu país, em particular dos camponeses expulsos de suas terras.

O papa argentino, conservador em relação aos dogmas, mas comprometido com questões de justiça social, reconheceu muitas vezes que se identifica com a figura de Romero.

"Compartilham uma visão patriótica positiva", sustenta Morozzo.

O segundo milagre atribuído a Paulo VI, o primeiro papa a pisar na Terra Santa, cujo nome era Giovanni Battista Montini, foi a salvação de uma menina nascida prematuramente em 2014, apesar de os médicos terem aconselhado um aborto terapêutico.

O milagre atribuído a Romero é a inexplicável cura da senhora Cecilia Maribel Flores, que sofria da síndrome de Hellp enquanto estava grávida. No domingo, ela participará junto com sua família da cerimônia no Vaticano.

Um milagre que reafirma a condenação do aborto pela Igreja, sujeito à agenda depois que o papa argentino voltou a criticar esta semana a denominação de "assassinos" aos médios que o aplicam.

Para se tornar santo é necessário ter realizado dois milagres, um para a beatificação (a menos que você seja um mártir, como é para Romero) e outro para canonização.

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