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"Pandemia de coronavírus está longe de acabar", afirma diretor da OMS

Segundo a entidade, o modo para conter o vírus é conseguir uma vacina; atualmente, sete estudos de imunização já estão em fase de testes em humanos

Diretor da OMS: líder da entidade falou mais uma vez sobre os impactos econômicos e sociais da pandemia da covid-19 (Christopher Black/OMS/Reuters)

Diretor da OMS: líder da entidade falou mais uma vez sobre os impactos econômicos e sociais da pandemia da covid-19 (Christopher Black/OMS/Reuters)

BC

Beatriz Correia

Publicado em 27 de abril de 2020 às 14h57.

Última atualização em 27 de abril de 2020 às 16h02.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, reiterou nesta segunda-feira, dia 27, que a pandemia de covid-19 está "longe de acabar" e disse que, para controlar o novo vírus, será necessário o desenvolvimento de uma vacina.

Segundo a entidade, atualmente, existem cerca de 100 estudos diferentes para imunização - sete deles já em fase de testes em humanos.

"O desenvolvimento de uma vacina está sendo acelerado por causa dos trabalhos anteriores que OMS e parceiros realizaram ao longo de vários anos para vacinas para outros coronavírus, incluindo Sars e Mers", disse o dirigente durante entrevista coletiva, em Genebra, na Suíça.

Tedros também agradeceu China, Portugal e Vietnã por contribuições ao Plano de Resposta e Preparação Estratégica da entidade. "Estamos gratos também aos mais de 280 mil indivíduos, empresas e fundações que contribuíram para o fundo, que já arrecadou mais de US$ 200 milhões", destacou.

Responsável por coordenar a resposta da Organização à pandemia, Maria Kerkhove ressaltou que ainda não há evidências de que pessoas curadas da covid-19 estejam totalmente imunes a uma nova infecção, mas disse que estudos estão sendo realizado nesse sentido.

Subnotificação

Ghebreyesus afirmou também que os casos de coronavírus estão subnotificados em várias regiões do planeta, incluindo a América Latina (AL) por conta da falta de testes disponíveis.

"Continuamos a apoiar esses países com assistência técnica por meio de nossos escritórios regionais e com suprimentos", disse o dirigente durante entrevista coletiva em Genebra, na Suíça.

Questionado sobre as críticas do presidente Jair Bolsonaro às orientações da entidade, Tedros não citou o brasileiro, mas disse que cada país é soberano para tomar suas próprias decisões.

Segundo ele, os governos que seguiram as recomendações do órgão internacional estão em posições melhores do que os restantes. "Não temos poder para forçar países a implementarem o que aconselhamos", destacou.

O líder da OMS lembrou que, quando decidiu declarar o coronavírus uma emergência pública global, no final de janeiro, havia apenas 82 casos da doença fora da China. "O mundo deveria ter nos ouvido de forma cuidadosa", afirmou.

Impacto de US$ 2,5 trilhões nos emergentes

A diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, afirmou que, desde o início da pandemia de coronavírus, a fuga de capitais de países emergentes já somou cerca de US$ 100 bilhões e que essas economias vão precisar de US$ 2,5 trilhões para superar a crise.

"Estamos muito preocupados com países emergentes e em desenvolvimentos", disse, durante seminário virtual promovido pelo think tank Atlantic Council.

Durante o evento, Georgieva revelou que o FMI projeta que 170 países devem registrar contração no Produto Interno Bruto (PIB) este ano, comparado com a previsão, antes da covid-19, de que 160 teriam expansão.

Para ela, a recessão pode ser pior que o cenário projetado de retração de 3% no PIB global, caso os efeitos mais graves da pandemia se prolonguem pelo segundo semestre."Pela primeira vez, precisamos integrar modelos epidemiológicos com macroeconômicos para fazer as previsões", destacou.

A economista búlgara informou que o Fundo já recebeu mais de 100 solicitações por ajuda emergencial. "Tenho muito orgulho em dizer que mais da metade já foi processado e desembolsado", salientou, acrescentando que o órgão dispõe de quatro vezes mais recursos do que durante a crise financeira de 2008.

Em relação à escalada das dívidas soberanas por conta da resposta ao vírus, Georgieva pontuou que espera que os juros ficarão baixos "por um longo tempo", o que deve atenuar o impacto da carga trazida pelo aumento substancial das despesas.

Mesmo assim, ela destacou a iniciativa do G-20 para aliviar a dívida de países pobres e revelou que a comunidade internacional já teve progresso nas negociações com credores privados para medida semelhantes.

Sobre a China, Georgieva disse que o país asiático não tem o mesmo espaço fiscal para lidar com a crise atual como em 2008. "As ações na China têm sido prudentes e direcionadas", analisou.

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