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Pandemia de 1918 está relacionada com ascensão de nazistas, diz Fed

Estudo mostra que cidades com o maior número de vítimas registraram redução dos gastos sociais e um aumento na parcela de votos a extremistas de direita

Campo de concentração desativado ma Bavaria. 29 de abril de 2020.  (Sven Hoppe/picture alliance/Getty Images)

Campo de concentração desativado ma Bavaria. 29 de abril de 2020. (Sven Hoppe/picture alliance/Getty Images)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 5 de maio de 2020 às 19h56.

Última atualização em 5 de maio de 2020 às 20h02.

Em um alerta sobre as possíveis implicações políticas do coronavírus, um estudo do Federal Reserve de Nova York mostrou uma relação entre a pandemia de gripe de 1918 e a ascensão do Partido Nazista na Alemanha.

O estudo mostra que cidades com o maior número de vítimas registraram redução dos gastos sociais e que “as mortes por influenza de 1918 estão correlacionadas com um aumento na parcela de votos conquistados por extremistas de direita”.

“Isso se sustenta mesmo quando controlamos a composição étnica e religiosa de uma cidade, o desemprego regional, votos anteriores da direita e outras características locais que supostamente levam à participação extremista dos votos”, escreveu o economista Kristian Blickle. “As mortes causadas pela pandemia de gripe de 1918-1920 moldaram profundamente a sociedade alemã.”

A economia global pode enfrentar a pior recessão em tempos de paz em quase um século - desde a era da Depressão quando os nazistas chegaram ao poder - como resultado do surto de coronavírus. Nesse contexto, o estudo destaca o risco de efeitos sociais duradouros se os governos não tomarem medidas suficientes.

Kristalina Georgieva, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, instou países a gastarem tudo o que puderem para aliviar o impacto do vírus.

O estudo do Fed de Nova York argumenta que a pandemia de 1918 pode ter mudado especialmente as “preferências sociais” dos jovens, além de despertar o ressentimento contra estrangeiros.

“Somos cautelosos com a interpretação de nossos resultados”, escreveu o autor. “No entanto, o estudo oferece uma nova contribuição para a discussão em torno dos efeitos a longo prazo das pandemias.”

(Com a colaboração de Zoe Schneeweiss).

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