Vista aérea de Panama City (Marshalgonz/Thinkstock) (marshalgonz/Thinkstock)
AFP
Publicado em 5 de maio de 2019 às 10h03.
Última atualização em 5 de maio de 2019 às 10h17.
O Panamá realiza neste domingo suas eleições gerais, uma votação com resultados incertos devido à entrada de um candidato independente entre os favoritos, e em meio à crescente rejeição dos cidadãos aos partidos tradicionais e à corrupção.
Cerca de 2,7 milhões de panamenhos devem eleger o sucessor do presidente Juan Carlos Varela, que registra popularidade muito baixa devido à desaceleração econômica, os escândalos de corrupção e a crise em setores como saúde e justiça.
Sete candidatos aspiram à Presidência, mas as pesquisas de intenção de voto apontam como favoritos o empresário pecuarista Laurentino Cortizo (Partido Revolucionário Democrático, social-democrata) e o ex-chanceler e advogado Rómulo Roux (Mudança Democrática, direita).
Em terceiro lugar, aparece o independente Ricardo Lombana, que capitalizou a insatisfação com a corrupção da classe política.
Na pesquisa do instituto espanhol GAD3, publicada há algumas semanas pelo jornal La Prensa, Cortizo tinha intenção de voto de 27,9%, Roux de 16,9% e Lombana de 15,3% (com 2,9 pontos de margem de erro), enquanto indecisos somavam 15,2%.
"Acho que a poucos dias das eleições ainda há muita gente indecisa e, portanto, em 5 de maio qualquer coisa pode acontecer", disse à AFP Rita Vásquez, diretora do jornal La Prensa.
Cortizo, de 66 anos, foi ministro do ex-presidente Martín Torrijos (2004-2009), mas renunciou por controvérsias com o Acordo de Livre-Comércio entre Panamá e Estados Unidos.
Seu plano de governo é focado principalmente em melhorar a educação, reformar o Estado, impulsionar a economia, combater a pobreza e a desigualdade e melhorar a transparência governamental.
Roux, de 54 anos, ex-chanceler e ex-ministro do Canal do governo do hoje preso ex-presidente Ricardo Martinelli (2009-2014), focou sua campanha na reativação econômica, na criação de empregos e na redução de impostos.
O Panamá foi afetado nos últimos anos por escândalos como os chamados "Panama Papers", ou propinas da empreiteira brasileira Odebrecht, o que leva a população a um desinteresse total pela política.
Esse tédio favorece um aumento nas chances de Lombana, que alcançou o terceiro lugar na corrida presidencial com um discurso feroz contra a corrupção e a liderança partidária.
Advogado e jornalista de 45 anos, Lombana propõe convocar um referendo para uma nova Constituição que subtrai o poder do presidente, limita o uso de fundos públicos e reforma da justiça. Também quer aumentar as penalidades por corrupção e evitar a prescrição deste tipo de crime.
Após o golpe militar de 1968, que colocou no poder o general Omar Torrijos, e durante o governo de fato do ditador já falecido Manuel Antonio Noriega, o debate político no Panamá se concentrou em defender ou criticar o governo militar.
Depois da invasão americana de 1989, que pôs fim à ditadura de Noriega, as eleições também foram protagonizadas por partidos representativos dessas antigas rivalidades, até a vitória do ex-presidente Ricardo Martinelli en 2009.
Agora, a realidade é muito diferente, afirmam analistas.
"É a campanha mais enfadonha, mais sem graça, mais controlada e mais amarrada", disse à AFP o diretor do jornal Metro Libre, James Aparicio, que cobre as eleições panamenhas desde os anos 1980.
Para o diretor dos serviços de informação da Rádio Panamá, Edwin Cabrera "esta campanha é absolutamente atípica em comparação a tudo o que vimos antes".