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Panamá repudia ameaça de Trump de retomar o controle do Canal

José Raúl Mulino usou seu perfil no X (ex-Twitter) para responder Donald Trump, que no último sábado disse que o as taxas cobradas são uma "trapaça" contra os EUA

Um navio de carga passa pelas eclusas de Miraflores no Canal do Panamá na Cidade do Panamá em 7 de outubro de 2024. O número de navios navegando pelo Canal do Panamá caiu 29% no ano passado, em comparação com o ano anterior, devido à seca, informou a autoridade do canal na terça-feira. De acordo com dados fornecidos pela Autoridade do Canal do Panamá (ACP) à AFP, durante o ano fiscal de 2024, 9.936 embarcações passaram pela hidrovia (MARTIN BERNETTI/Getty Images)

Um navio de carga passa pelas eclusas de Miraflores no Canal do Panamá na Cidade do Panamá em 7 de outubro de 2024. O número de navios navegando pelo Canal do Panamá caiu 29% no ano passado, em comparação com o ano anterior, devido à seca, informou a autoridade do canal na terça-feira. De acordo com dados fornecidos pela Autoridade do Canal do Panamá (ACP) à AFP, durante o ano fiscal de 2024, 9.936 embarcações passaram pela hidrovia (MARTIN BERNETTI/Getty Images)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 23 de dezembro de 2024 às 07h50.

Última atualização em 23 de dezembro de 2024 às 07h54.

O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, repudiou, neste domingo, 22, as ameaças do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de retomar o controle do canal interoceânico.
"O canal não tem controle direto ou indireto nem da China, nem da Comunidade Europeia, nem dos Estados Unidos ou de qualquer potência. Como panamenho, repudio energicamente qualquer manifestação que distorça esta realidade", reagiu Mulino em um vídeo em sua conta no X, sem mencionar Trump diretamente.

Sua declaração seguiu uma postagem do republicano no sábado em sua plataforma, Truth Social, na qual escreveu: "nossa Marinha e comércio têm sido ameaçados de uma forma injusta e imprudente. As taxas que o Panamá cobra são ridículas".

"Esta completa trapaça contra nosso país cessará imediatamente", afirmou Trump.

O presidente eleito também denunciou a crescente influência da China no canal, uma situação preocupante já que empresas americanas dependem do canal para transportar bens entre os oceanos Atlântico e Pacífico.

"Era exclusivamente para que o Panamá o administrasse, não a China ou ninguém mais", disse Trump. "Nunca deixaríamos, nem deixaremos que caia nas mãos erradas!".

Se o Panamá não pode garantir uma "operação segura, eficiente e confiável" do canal, "então exigiremos que nos devolvam o canal do Panamá em sua totalidade e sem margem para dúvidas", acrescentou o republicano.

O presidente panamenho respondeu, exigindo "respeito" com seu país e reiterou que "cada metro quadrado do canal do Panamá e suas zonas adjacentes são do Panamá e continuarão sendo". "A soberania e a independência do nosso país não são negociáveis", acrescentou.

Trump respondeu Mulino de maneira rápida. Ele voltou a usar a plataforma Truth Social e enviou uma mensagem ao presidente panamenho: "Veremos!" e acrescentou uma foto com a legenda "Bem-vindo ao Canal dos Estados Unidos!".

Apesar das falas de Trump, Mulino disse que espera ter "uma relação boa e respeitosa" com o futuro governo dos Estados Unidos, com o qual espera continuar abordando temas como a imigração ilegal e o narcotráfico.

O Canal do Panamá, que foi concluído pelos Estados Unidos em 1914, foi devolvido ao país centro-americano no acordo de 1977, assinado pelo presidente democrata Jimmy Carter.

O Panamá retomou o controle total da passagem comercial em 31 de dezembro de 1999.

O ex-presidente panamenho Martín Torrijos (2004-2009), considerou, em uma mensagem no Instagram, que "qualquer tentativa" de tirar do Panamá a gestão do canal é "uma ofensa".

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