Mundo

Panama Papers pretende desestabilizar a Rússia, diz Kremlin

Embora a filtragem envolva centenas de líderes, Kremlin entende que o "ataque está dirigido contra nosso país e contra o presidente Putin em pessoa"


	Vladimir Putin: Embora a filtragem envolva centenas de líderes, Kremlin entende que o "ataque está dirigido em primeiro lugar contra nosso país e contra o presidente Putin em pessoa"
 (Sergei Karpukhin / Reuters)

Vladimir Putin: Embora a filtragem envolva centenas de líderes, Kremlin entende que o "ataque está dirigido em primeiro lugar contra nosso país e contra o presidente Putin em pessoa" (Sergei Karpukhin / Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2016 às 10h08.

Moscou - O escândalo "Panama Papers" aponta em primeiro lugar contra o presidente russo, Vladimir Putin, e pretende desestabilizar a situação na Rússia, disse nesta segunda-feira o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

"Embora Putin não figure de fato, para nós está claro que o alvo principal desta filtragem é nosso presidente, sobretudo perto das eleições parlamentares e das presidenciais em dois anos, e a estabilidade política em nosso país", afirmou Peskov aos jornalistas.

"É óbvio que o grau de 'Putinfobia' chegou a tal nível que já não se pode falar bem da Rússia, de qualquer sucesso obtido pela Rússia. É preciso falar mal e muito, para prejudicar, e quando não há nada para dizer, pois inventam", acrescentou Peskov.

A investigação divulgada neste fim de semana pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, em inglês) revela como vários empresários e pelo menos um amigo pessoal do presidente russo administraram até US$ 2 bilhões através de bancos e sociedades fantasma.

Embora a filtragem envolva centenas de políticos, esportistas e celebridades de todo o mundo, entre eles 12 antigos e atuais líderes mundiais, o Kremlin entende que é "óbvio que o ataque está dirigido em primeiro lugar contra nosso país e contra o presidente Putin em pessoa".

O porta-voz do Kremlin, que qualificou a investigação de pouco profissional e qualificada, acusou o ICIJ de ser uma fachada para "antigos membros do Departamento de Estado (dos Estados Unidos), a CIA e outros serviços especiais".

Peskov também se referiu a uma filtragem que afeta diretamente sua esposa, a patinadora Natalia Navka, que segundo os documentos teve uma "offshore" entre 2014 e 2015.

"Minha esposa nunca teve nem offshore", disse a respeito.

O Kremlin antecipou que não apresentará processos judiciais internacionais contra o Consórcio de Jornalistas, já que não vê "nada novo" nas filtragens.

"Não vemos sentido, porque são especulações em torno de nosso presidente que vemos todos os dias", explicou Peskov.

A investigação -baseada na filtragem de 11,5 milhões de documentos de quase quatro décadas do escritório panamenho Mossack Fonseca, especializado na gestão de capitais e patrimônios- aponta para o violoncelista Sergei Rolduguin, amigo de Putin desde a adolescência e padrinho de uma das filhas do líder russo.

Segundo o ICIJ, este músico profissional criou várias "offshores" no Panamá para lavar cerca de US$ 2 bilhões com ajuda de importantes empresas estatais russas, entre elas o banco Rossia, a filial cipriota do banco VTB e o operador de telecomunicações Rostelecom, entre outras.

Outros documentos revelam movimentos de empresas "offshore" vinculadas à família do presidente da China, Xi Jinping; ao líder da Ucrânia, Petro Poroshenko; e ao falecido pai do primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaCorrupçãoEscândalosEuropaFraudesPolíticosRússiaVladimir Putin

Mais de Mundo

Votação antecipada para eleições presidenciais nos EUA começa em três estados do país

ONU repreende 'objetos inofensivos' sendo usados como explosivos após ataque no Líbano

EUA diz que guerra entre Israel e Hezbollah ainda pode ser evitada

Kamala Harris diz que tem arma de fogo e que quem invadir sua casa será baleado