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Palestinos alertam Trump a não abandonar apoio a dois Estados

Alerta foi em resposta a uma autoridade da Casa Branca que disse que a paz na região não implica necessariamente em um Estado palestino

Donald Trump: presidente dos EUA recebeu um alerta para uma possível retirada de apoio a um Estado palestino (Joshua Roberts/File Photo/Reuters)

Donald Trump: presidente dos EUA recebeu um alerta para uma possível retirada de apoio a um Estado palestino (Joshua Roberts/File Photo/Reuters)

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Reuters

Publicado em 15 de fevereiro de 2017 às 11h19.

Jerusalém - Palestinos alertaram o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quarta-feira para que não abandone a solução de dois Estados para o conflito com Israel depois de uma autoridade de primeiro escalão da Casa Branca dizer que a paz não implica necessariamente em um Estado palestino.

Trump e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, irão se encontrar ainda nesta quarta-feira pela primeira vez desde a eleição norte-americana de novembro que levou o republicano à Casa Branca.

Na véspera da reunião, um funcionário graduado da Casa Branca disse que cabia aos próprios israelenses e palestinos decidirem o formato de qualquer acordo de paz futuro.

"Quer isso venha na forma de uma solução de dois Estados, se for isso que as partes quiserem, ou outra coisa", disse, acrescentando que Trump não irá tentar "ditar" uma solução.

Para os palestinos, que querem um Estado na Cisjordânia ocupada por Israel, em Jerusalém Oriental e na Faixa de Gaza, até mesmo a ideia de um recuo dos EUA do objetivo internacionalmente respaldado de um Estado palestino futuro existindo ao lado de Israel é alarmante.

"Se o governo Trump rejeitar esta política, estará destruindo as chances de paz e minando interesses americanos, sua situação e sua credibilidade no exterior", disse Hanan Ashrawi, veterana da Organização pela Libertação da Palestina (OLP), em reação aos comentários do funcionário dos EUA.

"Satisfazer os elementos mais extremos e irresponsáveis em Israel e na Casa Branca não é maneira de se fazer uma política externa responsável", afirmou ela em um comunicado.

Netanyahu se comprometeu, com condições, a uma solução de dois Estados em um discurso feito em 2009, e de maneira geral vem reiterando essa meta desde então. Mas dada a instabilidade regional e as divisões já antigas na política palestina, muitos de seu gabinete argumentam que o momento não é oportuno para o surgimento de um Estado palestino.

Ministros de extrema direita do gabinete pediram a anexação de partes da Cisjordânia, que está entre os territórios que Israel capturou em uma guerra em 1967. Netanyahu não endossou essa reivindicação.

Comentando as declarações oficiais da Casa Branca, Husam Zomlot, conselheiro de assuntos estratégicos do presidente palestino, Mahmoud Abbas, observou que a criação de um Estado palestino está há tempos no cerne dos esforços de paz mundiais.

"A solução de dois Estados não é algo que simplesmente inventamos. É um consenso e uma decisão internacional depois de décadas de rejeição de Israel à fórmula democrática de um Estado", disse Zomlot à Reuters de Jerusalém por telefone de Ramallah, cidade da Cisjordânia.

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