Mundo

Palestina abre porta para reconhecimento internacional na Unesco

O principal objetivo do país agora é ser membro da ONU

O presidente palestino Mahmoud Abbas hasteou a bandeira em um ato que considerou 'histórico' e pode observá-la balançar entre as de outros países (Joel Saget/AFP)

O presidente palestino Mahmoud Abbas hasteou a bandeira em um ato que considerou 'histórico' e pode observá-la balançar entre as de outros países (Joel Saget/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2011 às 14h03.

Paris - O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, hasteou nesta terça-feira a bandeira de seu país na sede parisiense da Unesco, a primeira agência da ONU que o reconheceu como membro de pleno direito.

Em uma sóbria cerimônia perturbada pela chuva que caía sobre Paris, Abbas hasteou a bandeira em um ato que considerou 'histórico' e pode observá-la balançar entre as de outros países.

A Palestina se tornou o membro número 195 da Unesco depois que seu ingresso foi aprovado em uma votação na Conferência Geral da agência, em 31 de outubro.

Seu principal objetivo agora é ser membro da ONU, uma meta que, por enquanto, se choca com a oposição dos Estados Unidos que, com seu direito a veto no Conselho de Segurança, mantém o caminho fechado.

'Acabamos de integrar a Unesco, uma das maiores organizações internacionais, um sinal de que o mundo aceita, com 107 votos, esta adesão. Isso nos leva a questionar por que a Palestina não é admitida na ONU', avaliou Abbas.

Para o presidente palestino, a entrada na Unesco é também um reconhecimento ao peso cultural de seu país, apoiado durante 'os anos de ocupação e bloqueio' por artistas e cientistas exilados.

O ato desta terça-feira, carregado de simbolismo, foi considerado por Abbas 'um dia histórico' e 'um passo adiante' em suas aspirações de reconhecimento internacional.


O presidente da ANP declarou que a entrada na Unesco não tem caráter político, mas que é 'um passo político' à frente em sua inclusão na comunidade de nações.

Porém, não se trata do último deles, visto que Abbas revelou que deve pedir o ingresso da Palestina em 16 organizações internacionais, embora tenha indicado que isto será feito 'quando as circunstâncias forem propícias', sem revelar um calendário específico.

O pedido à ONU será feito 'a qualquer momento', depois que em 23 de setembro sua tentativa foi bloqueada pelo veto dos EUA no Conselho de Segurança.

'E se não conseguirmos na próxima, voltaremos a tentar várias vezes', advertiu.

O líder da ANP evitou criticar Washington por suas atitudes, seja pela oposição em admitir sua entrada na ONU ou por ter congelado sua contribuição à Unesco depois que em 30 de janeiro a organização incluiu a Palestina como membro de pleno direito.

De fato, o congelamento da contribuição americana gerou um déficit de US$ 65 milhões até o final do ano à Unesco, o que pode afetar muitos programas da organização.

Abbas apostou no diálogo para convencer os países que ainda não os aceitaram nas organizações internacionais, assim como fizeram com a maioria dos membros da Unesco.

'O povo palestino, como todos os povos, tem que ter direito a preservar sua cultura e seu patrimônio, a ter uma educação de qualidade encaminhada a buscar a paz, que ensine os direitos humanos e uma cultura dinâmica que respeite a alheia', afirmou a diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, que presidiu o ato de hasteamento da bandeira junto com Abbas.

A responsável da agência da ONU afirmou estar convencida de que a adesão da Palestina 'é uma oportunidade para acreditar que a paz e a segurança se constroem também na escola, com a cultura, com a ciência'.

'Cada criança que nasce é uma oportunidade para a paz, se for educada com dignidade e respeito aos outros', afirmou. 

Acompanhe tudo sobre:DiplomaciaONUPalestina

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia