Bandeira da Irlanda: país não quer elevar seus impostos (Steve/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 19 de novembro de 2010 às 09h18.
Dublin - A Irlanda aceita a criação de um “fundo de contingência” pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela União Europeia (UE) para resgatar seus bancos, permitindo ao mercado respirar aliviado e reconhecendo que sua crise apenas será resolvida com a ajuda externa. Porém, a disputa agora ficará em torno das condições que estão sendo impostas ao país. França e Alemanha exigem que, em troca do dinheiro, a Irlanda eleve seus impostos. Dublin alertou ontem às autoridades da UE que isso “não é negociável” e que sua soberania fiscal será preservada.
A elevação da carga tributária foi um dos pontos do acordo que a Grécia assinou com a UE em maio, para receber o seu pacote de resgate. A alta acabou levando centenas de empresas a deixarem o país, além de levar centenas de pessoas às ruas de Atenas. Agora o assunto promete acalorados debates nos próximos dias de negociações.
Ontem, a UE já alertou, nas reuniões a portas fechadas com o governo irlandês, que os impostos de 12,5% são os mais baixos da UE e não podem continuar assim. A taxa atual seria apenas metade do que uma empresa paga para se instalar na Alemanha, o que para muitos na Irlanda explicou a expansão da economia nos anos 1990 e no início desta década.
Para a UE, o que a Irlanda faz, porém, é uma guerra fiscal que agora cobra seu preço. Multinacionais como a Google e a Dell se estabeleceram na Irlanda com acordos praticamente de isenção de impostos. O ministro de Finanças, Brian Lenihan, se recusa a falar do assunto e diz que os níveis de impostos fazem parte de uma política industrial. “Isso é algo fundamental para nossas perspectivas de crescimento.” O que a Irlanda promete é apresentar um programa de cortes de gastos de 15 bilhões de euros no início de dezembro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.