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Países islâmicos adotam plano árabe para reconstruir Gaza como alternativa à ideia de Trump

O ministro das Relações Exteriores egípcio, Badr Abdelatty, disse à AFP que a proposta egípcia "agora se tornou um plano árabe-islâmico" e foi adotada

O plano, elaborado pelo Egito, prevê reconstruir a Faixa de Gaza (Zain Jaafar/AFP)

O plano, elaborado pelo Egito, prevê reconstruir a Faixa de Gaza (Zain Jaafar/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 8 de março de 2025 às 11h15.

A Organização para a Cooperação Islâmica (OCI) aprovou, neste sábado, 8, um plano árabe para a reconstrução de Gaza, em resposta ao plano do presidente americano, Donald Trump, de tomar o controle do território palestino e expulsar seus habitantes.

Os ministros das Relações Exteriores dos 57 membros da OCI estão reunidos desde sexta-feira na sede da organização em Jidá, Arábia Saudita, para discutir o plano, que foi aprovado pela Liga Árabe na terça-feira no Egito.

A OCI "aprovou o plano (...) para a rápida recuperação e reconstrução de Gaza", disse em um comunicado neste sábado.

A organização, que representa o mundo muçulmano, apelou "à comunidade internacional e às instituições financeiras internacionais e regionais para que forneçam rapidamente o apoio necessário", acrescentou o comunicado.

O plano, elaborado pelo Egito, prevê reconstruir a Faixa de Gaza, devastada por 15 meses de guerra entre Israel e Hamas, sem deslocar seus 2,4 milhões de habitantes.

O ministro das Relações Exteriores egípcio, Badr Abdelatty, disse à AFP que a proposta egípcia "agora se tornou um plano árabe-islâmico" e foi adotada.

"É certamente algo muito positivo", acrescentou.

O presidente dos EUA, Donald Trump, provocou indignação internacional com seu plano de transferir palestinos de Gaza para o Egito e a Jordânia para transformar o território na "Riviera do Oriente Médio".

Em uma cúpula no Cairo na terça-feira, os líderes árabes também anunciaram a criação de um fundo para financiar a reconstrução de Gaza e pediram que a comunidade internacional o apoiasse.

"Plano internacional"

"O próximo passo será transformar esse plano em um plano internacional, que precisará ser aprovado pela União Europeia e por parceiros internacionais como Japão, Rússia, China e outros", disse Abdelatty.

Nesse sentido, Alemanha, França, Reino Unido e Itália acolheram a proposta em uma declaração conjunta neste sábado, que descreveram como um "caminho realista para a reconstrução de Gaza".

"Se implementado", disseram os ministros das Relações Exteriores desses países em um comunicado, "seria uma melhoria rápida e duradoura nas condições de vida catastróficas dos palestinos que vivem em Gaza".

O plano árabe, endossado pela OCI, efetivamente marginaliza o Hamas e prevê que a Autoridade Palestina, que foi expulsa do território em 2007 pelo movimento islamista palestino, administre Gaza.

No entanto, a proposta foi rejeitada por Israel e criticada pelos Estados Unidos.

O enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, disse que o plano "fica aquém das expectativas", mas é um "primeiro passo de boa fé dos egípcios".

De acordo com Rabha Seif Allam, do Centro de Estudos Políticos e Estratégicos do Al-Ahram, no Cairo, o Egito precisava de "amplo apoio" para construir uma "grande coalizão para rejeitar o deslocamento de palestinos de Gaza".

O encontro em Jidá é um sinal de "unidade dentro do mundo muçulmano", disse Umar Karim, especialista em Arábia Saudita na Universidade de Birmingham, no Reino Unido.

A reunião da OCI também confirmou a reintegração da Síria à organização, suspensa em 2012 após a repressão de uma revolta pró-democracia imposta pelo ex-presidente Bashar al-Assad, que foi deposto do poder em 8 de dezembro por uma coalizão rebelde após 13 anos de guerra civil.

O Ministério das Relações Exteriores da Síria comemorou um "passo importante em direção ao retorno da Síria à comunidade regional e internacional como um Estado livre e justo".

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