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Países consumidores tentam substituir petróleo líbio

Arábia Saudita já anunciou produção extra, mas seu petróleo é de menor qualidade do que o da Líbia

Fumaça em oleoduto líbio: petróleos mais parecidos estão na Argélia, Angola e Nigéria (Marco Longari/AFP)

Fumaça em oleoduto líbio: petróleos mais parecidos estão na Argélia, Angola e Nigéria (Marco Longari/AFP)

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Da Redação

Publicado em 29 de março de 2011 às 14h26.

Washington - A suspensão da produção dos poços de petróleo na Líbia representa um quebra-cabeças para os países consumidores, que buscam uma solução de substituição para compensar a perda de uma fonte de petróleo leve muito apreciada pelos refinadores.

Após um mês de conflito entre os rebeldes e as forças do ditador Muammar Kadafi, o mercado petroleiro mundial ficou privado dos 1,3 milhão de barris diários que a Líbia exportava - em grande parte para a Europa - antes da crise. Isto equivale a 1,5% do consumo mundial de petróleo.

No papel, compensar a falta não é muito complicado.

A Arábia Saudita, maior produtor da Opep, anunciou ter uma capacidade de produção extra de 3,5 milhões de barris diários em caso de necessidade.

Mas o petróleo saudita disponível é de menor qualidade que o líbio, que é mais leve e tem baixo teor de enxofre, sendo assim mais fácil e barato de refinar.

"Os consumidores estão obrigados a avaliar suas opções, porque parece claro que a oferta da Líbia continuará prejudicada", afirma o analista Bhushan Bahree, da consultoria IHS Cera.

"Os petróleos mais parecidos estão na Argélia, Angola e Nigéria. Nenhum é exatamente igual, mas são muito parecidos", completa.


A demanda de petróleo dos países saltou desde o início da crise, estimulando a alta dos preços.

O petróleo nigeriano de referência, o "Bonny Light", e o argelino "Sahara Blend" valem atualmente 3,40 e 2,85 dólares a mais respectivamente que a cotação de referência em Londres, onde o barril é negociado a 115 dólares.

"A Nigéria bombeia tudo o que pode para responder a demanda", disse Mike Fitzpatrick, analista da Kilduff Report.

Mas estes países também passam pelas próprias crises: na Argélia manifestações levaram o governo a prometer reformas e suspender o estado de emergência no fim de fevereiro. Na Nigéria, onde as instalações petroleiras são alvo regular de grupos rebeldes, eleições estão marcadas para abril.

Segundo os analistas, as repercussões do conflito líbio são atualmente limitadas, porque as refinarias usam as reservas existentes. Mas no caso de uma crise prolongada, podem se ver obrigadas a refinar petróleo mais pesado, a um custo maior.

O Departamento de Energia dos Estados Unidos se inquietou recentemente com as consequências desta adaptação dos procedimentos de refinação, que pode acontecer em um momento no qual as indústrias petroleiras aceleram a produção de combustível à espera do verão, um período de muito consumo na maior potência mundial.

Independente das decisões no plano técnico, as cotações dos combustíveis já dispararam em todo o mundo.

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