Pena de morte: dois terços dos países aboliram a aplicação desse tipo de pena (AZemdega/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 5 de maio de 2023 às 12h43.
Última atualização em 5 de maio de 2023 às 13h40.
Dois terços dos países aboliram a pena de morte como punição a crimes cometidos, mas em dezenas de lugares a possibilidade ainda existe no código penal.
Mais de 500 execuções por sentença de morte são realizadas anualmente, somente segundo os dados oficiais. A estimativa é que o número total passe de milhares por ano.
De acordo com a Anistia Internacional, ao longo de 2021 (ano do último número completo divulgado), pelo menos 579 pessoas foram executadas como resultado de uma pena de morte definida pela Justiça. O número representa uma alta de 20% em relação ao ano anterior, segundo a organização.
Desse grupo, a maioria foram homens e 24 foram mulheres.
Ao todo, foram ainda 1.477 sentenças de morte ao longo do ano (executadas ou não). O número de sentenças também representa uma alta de 40% em relação a 2020, quando o total de sentenças e execuções havia tido uma baixa histórica em virtude da pandemia.
No Brasil, o artigo 5 do primeiro capítulo da Constituição de 1988 declarou que não será permitida a aplicação de pena de morte pela Justiça, exceto em casos de guerra declarada. O Brasil não executa um cidadão por pena de morte desde o século 19 para casos civis, e desde os anos 1970 para casos militares.
A Anistia Internacional avalia que o número está subestimado, uma vez que nem todos os países divulgam informações oficiais.
A estimativa é que mais de mil execuções por pena de morte tenham ocorrido na China, onde o assunto é tratado como segredo de Estado.
Segundo essa projeção, a China (que tem 1,4 bilhão de habitantes) seria o país com maior número de execuções por pena de morte no mundo. Países como Vietnã e Coreia do Norte também não divulgam números oficiais e há projeções de que também tenham aplicado pena de morte nos últimos anos.
Em todos os países que aplicam alguma forma de pena de morte, organizações de direitos humanos expressam preocupação quanto aos métodos de condenação e potenciais erros da Justiça.
Sabe-se que uma série de prisioneiros na Arábia Saudita, por exemplo, não receberam julgamento respeitando padrões internacionais, não tiveram direito a advogado e foram condenados com base em confissões obtidas à força, de acordo com a Anistia Internacional.
Apesar das altas, a Anistia Internacional calcula que o número de execuções está "entre as maiores baixas históricas". O número de países que executaram pessoas é um dos menores das últimas duas décadas.
O número de países que não aplicam pena de morte vem crescendo nas últimas duas décadas. O número era de 80 em 2002 e subiu para mais de 100 em 2021.
Dentre os 193 países-membros da ONU, 9% (18 países) aplicaram execuções por pena de morte.
Os EUA são o único país do G7 (grupo de sete das maiores economias do mundo) que ainda aplicam pena de morte, o que faz do local uma exceção em organizações internacionais.
No país, cada estado tem leis específicas sobre o tema e as justiças locais costumam decidir os casos e se a execução ocorrerá de fato.
Ao todo, o número de execuções e novas sentenças de morte tem caído nos EUA. Segundo a organização Death Penalty Information Center, 2022 foi o oitavo ano consecutivo com menos de 30 execuções e 50 novas sentenças de morte.
A média anual de pessoas executadas nos EUA é a menor em 50 anos, em meio à perda de apoio às sentenças do tipo entre a população.
Ao longo de 2022, segundo dados oficiais do governo americano, foram 18 pessoas executadas após sentença de morte da Justiça nos EUA.
Todas as execuções nos EUA em 2022 foram feitas por injeção letal.
O apoio à possibilidade de ter punição com pena de morte está em baixa histórica nos EUA, embora as sentenças continuem sendo aplicadas às dezenas nos estados.
Ao todo, 37 estados americanos (quase três quartos do país) aboliram a pena de morte como possível punição ou, embora não tenham extinguido a possibilidade, não efetivaram uma execução em mais de uma década.
Novas execuções já estão agendadas para os próximos anos. Até o início de maio de 2023, a contagem era de 43 pessoas na "fila" da execução nos EUA, isto é, que já foram condenadas e têm execução agendada.