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Países árabes exigem mais ação e menos palavras de Assad

Proposta é de cessação das hostilidades na Síria sob a supervisão da ONU, a libertação dos detidos nos protestos antigovernamentais e o envio de ajuda humanitária

As resoluções estipuladas na cúpula não apresentaram nenhuma surpresa e tudo ocorreu conforme o esperado (AFP)

As resoluções estipuladas na cúpula não apresentaram nenhuma surpresa e tudo ocorreu conforme o esperado (AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2012 às 17h31.

Bagdá - Mais ação e menos palavras foi a mensagem que os líderes árabes reunidos em Bagdá lançaram ao presidente sírio, Bashar Al Assad, depois que Damasco aceitou o plano do enviado especial para a Síria, Kofi Annan, que nesta quinta-feira foi referendado no Iraque.

O secretário-geral da Liga Árabe, Nabil El Araby, foi claro a esse respeito durante seu discurso na 23ª cúpula do organismo, no qual destacou que espera 'um compromisso sério para uma cessação imediata da violência'.

El Araby considerou que 'surgiu um raio de esperança com a aceitação dos seis pontos do plano do enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan', embora 'agora a bola esteja nas mãos dos sírios'.

A proposta busca, entre outros pontos, a cessação das hostilidades na Síria sob a supervisão da ONU, a libertação dos detidos nos protestos antigovernamentais e o envio de ajuda humanitária.

O líder pan-árabe não especificou nem em seu discurso durante a reunião, nem na entrevista coletiva concedida no final quais medidas a Liga Árabe tomará se o regime de Assad não cumprir a iniciativa de Annan.

Nesse aspecto, limitou-se a lembrar que 'já foram dadas várias oportunidades a Assad'. 'Agora, o assunto é conduzido pelo Conselho de Segurança da ONU e o enviado conjunto Kofi Annan'.


El Araby insistiu na coordenação entre a Liga Árabe e a ONU nos assuntos relativos à Síria, exemplificada na participação na cúpula árabe do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que fez um apelo ao presidente sírio para que transforme suas palavras em ações, já que 'os ventos de mudança não cessarão'.

As resoluções estipuladas na cúpula não apresentaram nenhuma surpresa e tudo ocorreu conforme o esperado.

Os árabes expressaram 'um forte respaldo' à missão de Annan, pediram a retirada dos militares das cidades sírias, rejeitaram qualquer intervenção estrangeira e fizeram um apelo a um diálogo político entre o governo e os grupos opositores.

Além disso, condenaram 'as graves violações dos direitos humanos' contra os civis sírios e qualificaram o massacre do bairro de Baba Amre, no reduto opositor de Homs, como um 'crime contra a humanidade', motivo pelo qual solicitaram que seus responsáveis sejam punidos.

Por outro lado, também conclamaram a oposição síria a unir suas fileiras para poder realizar um diálogo sério.

Na reunião, não foi abordada apenas a questão da Síria, mas também outros temas como o conflito palestino-israelense, a situação no Iêmen, a reforma da Liga Árabe e o desarmamento nuclear da região.


A cúpula do Iraque foi a primeira a ser realizada neste país há mais de duas décadas.

A esse respeito, o ministro das Relações Exteriores iraquiano, Hoshiyar Zebari, afirmou que com este evento 'o Iraque voltou a ficar de pé'. 'É a maior conquista desta grande nação'.

Apesar de o encontro ter contado com apenas dez dos 22 chefes de Estado da Liga Árabe, já que os demais enviaram delegações de menor relevância, Zebari se mostrou satisfeito pela participação, 'levando em conta a situação atual da região'.

Esta é a primeira cúpula realizada após a explosão da Primavera Árabe, que trouxe caras novas às negociações, como o presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT) líbio, Mustafa Abdel Jalil, e o presidente tunisiano, Moncef Marzouki.

Também compareceram líderes como os presidentes do Sudão, Omar Hassan Ahmad al-Bashir, o libanês Michel Suleiman, e o dirigente palestino Mahmoud Abbas.

Um dos destaques do dia foi o xeque Sabah al-Ahmad Al-Sabah, que nesta quinta se tornou o primeiro emir do Kuwait que visita o Iraque desde a invasão das tropas do ditador Saddam Hussein, em 1990.

Em sua intervenção na cúpula, expressou seu apoio ao povo iraquiano para superar suas feridas: 'A dor do Iraque é a nossa dor, e hoje estamos ao lado do irmão povo iraquiano para superar essas feridas', declarou.

A reunião de chefes de Estado de Bagdá também esteve marcada pelo imponente dispositivo de segurança, com mais de mil policiais e militares desdobrados nas ruas da capital, o que não impediu que fosse registrada uma explosão no centro da cidade, que não causou vítimas. 

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