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Países árabes dizem na Assembleia da ONU que temem guerra com o Irã

Crescimento das tensões entre os Estados Unidos e o Irã pode levar a novo conflito armado na região, alertam líderes árabes

Encontro de líderes do Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes e Bahrein: cresce preocupação em relação a conflito com o Irã (Khaled Elfiqi/Reuters)

Encontro de líderes do Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes e Bahrein: cresce preocupação em relação a conflito com o Irã (Khaled Elfiqi/Reuters)

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AFP

Publicado em 23 de setembro de 2020 às 17h48.

Última atualização em 23 de setembro de 2020 às 17h59.

Vários líderes árabes expressaram na Assembleia Geral das Nações Unidas nesta quarta-feira, 23, o medo de um novo conflito regional com o crescimento das tensões entre os Estados Unidos e o Irã. A maior reunião diplomática anual está sendo realizada virtualmente neste ano, devido à pandemia, com discursos pré-gravados.

Dois dias depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desafiou a ONU ao anunciar novas sanções contra Teerã por violar o embargo de armas da organização, líderes do Iraque e da Arábia Saudita expressaram preocupação.

"Não queremos que o Iraque se torne uma espécie de playground para outras forças matarem umas às outras em nosso território", disse o presidente iraquiano, Barham Saleh, em seu discurso.

O Iraque busca manter um delicado equilíbrio com o Irã, que compartilha a fé xiita da maioria com seu vizinho árabe, e os Estados Unidos, que invadiram o país e depuseram o ditador Saddam Hussein em 2003.

Em janeiro, Trump ordenou um ataque de drones em Bagdá que matou o principal general do Irã, Qasem Soleimani, assim como um líder paramilitar xiita iraquiano, levando muitos em Bagdá a pedir a expulsão das forças americanas.

O presidente dos Estados Unidos rejeitou os pedidos para se retirar do país, mas neste mês determinou um corte drástico de tropas no Iraque como parte de uma promessa eleitoral de que acabará com as guerras "sem-fim".

Saleh mostrou certa frustração com grupos "anárquicos" cujo lançamento de foguetes contra as forças americanas levou ao ataque de drones. "As armas devem permanecer nas mãos das instituições estatais iraquianas", afirmou.

Ele também prometeu lutar contra a corrupção, uma prioridade do primeiro-ministro Mustafa al Kazimi, que chegou ao poder após grandes protestos nacionais.

Trump prometeu sufocar o Irã, impondo vastas sanções econômicas e abandonando o acordo nuclear de 2015 negociado por seu antecessor Barack Obama.

O rei saudita Salman bin Abdulaziz Al Saud usou seu discurso para expressar seus receios com o Irã e relembrou os ataques de drones no ano passado a campos de petróleo sauditas, que Washington disse ter sido realizado pelo Irã em violação ao embargo de armas.

"As mãos do reino foram estendidas ao Irã em sinal de paz com uma atitude aberta e positiva durante a última década, em vão", disse Salman.

A Arábia Saudita está engajada em uma campanha contra os rebeldes houthis apoiados pelo Irã no Iêmen. Vários ataques aéreos no país mataram civis e contribuíram para uma crise humanitária.

O presidente iraniano, Hasan Rohani, apontou para a Arábia Saudita na ONU na segunda-feira, denunciando os sucessivos e malsucedidos esforços dos Estados Unidos para aplicar um embargo de armas a Teerã.

"Eles venderam centenas de bilhões de dólares em armas para seus clientes, transformando a região em um barril de pólvora", criticou Rohani. "No entanto, tentam sem sucesso privar o Irã de seus requisitos mínimos de defesa", acrescentou.

 

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