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Países ameaçam Síria com sanções para salvar plano de Annan

"Temos de fazer muito mais que emitir meros comunicados nos próximos dias", disse o embaixador britânico na ONU, Mark Lyall Grant

A preocupação entre os membros do Conselho de Segurança se centra também no futuro da missão de observadores internacionais desarmados na Síria (Shaam News Network/AFP)

A preocupação entre os membros do Conselho de Segurança se centra também no futuro da missão de observadores internacionais desarmados na Síria (Shaam News Network/AFP)

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Da Redação

Publicado em 30 de maio de 2012 às 18h15.

Nações Unidas - A ameaça de sanções contra a Síria ressurgiu nesta quarta-feira no Conselho de Segurança da ONU, onde os países ocidentais defenderam o aumento da pressão contra Damasco numa tentativa de salvar o plano de paz de Kofi Annan antes que a crise síria se transforme em uma autêntica guerra civil e desestabilize a região.

"Temos de fazer muito mais que emitir meros comunicados nos próximos dias", disse o embaixador britânico na ONU, Mark Lyall Grant, na saída das mais de três horas de debate que o principal órgão internacional de segurança teve sobre a Síria, cuja crise, segundo o diplomata, está em um "ponto de inflexão" após o massacre de Houla.

O apelo de Lyall Grant recebeu o apoio de seus colegas dos Estados Unidos, França e Alemanha, que sublinharam o apoio unânime que existe no Conselho ao plano de Annan, mas que não esconderam sua preocupação ante seu hipotético fracasso e o início de um conflito aberto que afetaria toda a região.

"Queremos iniciar um diálogo entre os membros do Conselho de Segurança sobre como encontrar uma saída a esta trágica situação, cumprindo com as aspirações legítimas dos sírios, antes que a crise desencadeie uma guerra civil e o caos prevaleça tanto na Síria como em outros países da região", ressaltou Lyall Grant.

O debate incluiu a hipótese de sanções no Conselho de Segurança como ferramenta de pressão sobre o regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, para exigir o cumprimento do plano de Annan, enviado especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria.

O impasse no órgão é a recusa da Rússia a adotar medidas que não considera necessárias para que o governo e a oposição iniciem um diálogo. Para o embaixador russo perante a ONU, Vitaly Churkin, tais medidas poderiam provocar um impacto "severo demais" sobre a população síria. "Nossa postura sobre a sanções permanece negativa".


Já os países ocidentais destacaram que, diante da atual situação, com níveis de violência em alta e após o massacre de Houla, além da presença de extremistas, torna-se muito difícil iniciar um processo de transição como o sugerido.

Por isso, lançaram um apelo à Síria para que cumpra seus acordos com Annan e a ONU e alertaram que, se isso não ocorrer, "o Conselho de Segurança deverá assumir suas responsabilidades e aumentar a pressão sobre as autoridades sírias", assinalou a embaixadora americana nas Nações Unidas, Susan Rice.

"Essa pressão poderia incluir sanções, e nós estamos entre os que sugeriram essa possibilidade", destacou Rice na saída de uma reunião em que os membros do Conselho receberam do subsecretário-geral da ONU para as Operações de Paz, Hervé Ladsous, e do "número 2" de Annan, Jean-Marie Guéhenno, um relatório "muito preocupante" do que ocorre na Síria.

A embaixadora americana indicou que, se a Síria não ceder, "o Conselho tem a responsabilidade de agir rápida e decididamente". Ela advertiu ainda que, caso contrário, o plano de Annan fracassaria e o conflito se estenderia e se intensificaria até chegar a outros países da região.

A França também fez um alerta para a situação no país árabe. "Não há mais tempo a perder para salvar o plano de Annan e evitar uma deflagração de devastadoras consequências regionais", disse o embaixador adjunto da França na ONU, Martin Briens.

Fontes diplomáticas disseram à Agência Efe que, em breve, serão iniciados contatos entre os membros do Conselho de Segurança para elaborar uma proposta de sanções concreta com a esperança de que a Rússia ceda um pouco em sua postura para aumentar a pressão sobre a Síria.

O pronunciamento a portas fechadas de Ladsous, em pessoa, e de Guéhenno, através de uma videoconferência de Genebra, deixou sobre a mesa do Conselho de Segurança "as violações maciças e flagrantes do regime sírio", assim como sua "falta de vontade política" para cumprir o plano de Annan, indicou Briens.

Após a reunião desta quarta-feira, marcado por um sentimento de emergência, espera-se que o Conselho receba a visita de Annan em pessoa no próximo dia 7 de junho, para que lhes relate sobre seus últimos contatos com o regime sírio.

A preocupação entre os membros do Conselho de Segurança se centra também no futuro da missão de observadores internacionais desarmados na Síria, em perigo enquanto durar a violência. Alguns delegados ocidentais defenderam que a missão tenha seus próprios meios de defesa, assim como outras missões da ONU. 

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