Moscou - O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, qualificou nesta sexta-feira de "inadequada" a primeira visita do presidente russo, Vladimir Putin, à península da Crimeia, recém anexada pela Rússia.
"Nós consideramos a Crimeia território ucraniano e pelo que sei as autoridades ucranianas não convidaram Putin a visitar Crimeia, portanto, desse ponto de vista, sua visita é inadequada", disse Rasmussen à imprensa durante visita à Estônia.
Rasmussen, que fez estas declarações após participar de uma conferência na Universidade de Tallinn, lembrou que a Aliança Atlântica considera "ilegal e ilegítima a anexação russa da Crimeia".
"Nós não a reconhecemos", enfatizou o secretário-geral, em relação à anexação sancionada por Putin em 21 de março, após o referendo realizado cinco dias antes que teve a proposta de anexação aprovada por mais de 90% dos crimeanos.
Em lembrança ao Dia da Vitória sobre a Alemanha nazista, Putin presidiu hoje um desfile militar no porto crimeano de Sebastopol, base da Frota russa do Mar Negro, que foi assistido por dezenas de milhares de pessoas.
Rasmussen insistiu que os aliados "ainda não têm provas visíveis sobre a retirada das tropas russas da fronteira com a Ucrânia".
"Já vimos tais anúncios no passado sem o recuo das tropas, portanto somos muito prudentes. Eu seria o primeiro a me alegrar se as tropas russas se retirarem, se víssemos uma clara e significativa retirada, que contribuiria para reduzir a escalada da crise", assinalou.
Durante a conferência, Rasmussen acusou a Rússia de violar o sistema de relações internacionais criado após o fim da Guerra Fria e de criar uma "nova e muito alarmante situação para a segurança europeia".
"A Rússia criou uma situação de insegurança, instabilidade e ausência de segurança em todo o continente e em todo o espaço euroatlântico", disse Rasmussen, citado pela agência russa "Interfax".
O artigo 5 do Tratado de Washington (a carta de fundação da Aliança Atlântica), que se refere à intervenção da Otan em caso de agressão de terceiros a um de seus Estados-membros "é firme como uma rocha", destacou o secretário-geral.
Neste sentido, destacou que a Aliança reforçou os dispositivos de patrulha aérea nos três países bálticos. E que ela "acompanhará de perto as ações da Rússia" perto de suas fronteiras e ressaltou que a ameaça de agressão é "clara" e que as condições de segurança na Europa "mudaram de maneira radical".
"Lamento profundamente que a Rússia, pelo que parece, veja a Otan mais como um rival do que como um parceiro. Esta não é a postura que preferiríamos, mas estamos dispostos a aceitar o desafio", finalizou.
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1. Vida nova com Vladimir Putin
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1/13 (REUTERS/Thomas Peter)
São Paulo – Depois de um polêmico referendo, a região da
Crimeia é, para todos os efeitos, parte da
Rússia. Assim, saem as leis ucranianas e entram as leis russas. Não são apenas bandeiras e simbolismos que irão mudar na vida das 2,5 milhões de pessoas que ali vivem. Algumas leis mudarão pequenas coisas. Outras, trarão para a Crimeia grandes mudanças – a mentalidade radical e conservadora na Rússia de
Vladimir Putin. Conheça a seguir 11 dessas leis:
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2. 1. A lei contra a "propaganda gay" passará a valer
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2/13 (REUTERS/Neil Hall)
O povo da Crimeia se submeterá a uma recente - e polêmica - lei russa, que proíbe a "propaganda gay". Um casal gay se beijando em público se encaixaria na lista de práticas ilegais, por exemplo. A Ucrânia já tinha uma lei similar, mas ainda estava em análise no Parlamento.
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3. 2. Novo fuso horário
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3/13 (Artur Bainozarov/Reuters)
A Crimeia passará a adotar os fusos horários de Moscou. Assim, colocará a Crimeia duas horas na frente da Ucrânia em boa parte do ano; e três horas na frente em alguns meses do ano.
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4. 3. Visto será obrigatório para estrangeiros
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4/13 (Vasily Fedosenko/Reuters)
Nos últimos anos, a Ucrânia não pedia vistos de turistas internacionais da maioria das nações desenvolvidas. Isso deu um impulso para a economia local. Já a Rússia faz questão de exigir o visto e os obriga a passar por um burocrático e longo processo de requerimento. A nova política linha-dura deve afastar muitos turistas europeus da região.
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5. 4. Sem bebida depois das 23h
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5/13 (David Mdzinarishvili/AFP)
Desde 2013, os russos não podem comprar bebidas alcoolicas nas lojas depois das 23h, em uma tentativa de diminuir os casos de alcoolismo e abuso de bebida. Na Ucrânia, não havia restrições do tipo.
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6. 5. Exames universitários? Só se falar russo
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6/13 (Andrey Smirnov/AFP)
Na Ucrânia, onde várias línguas são faladas - ucraniano, língua tártara, russo - os exames para entrar nas universidades permitem diferentes expressões. Na Rússia, onde também há diversas línguas, as universidades aceitam apenas o russo. É o que deve acontecer na Crimeia (onde se fala russo, principalmente, mas também ucraniano e língua tártara)
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7. 6. O serviço militar será obrigatório
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7/13 (Baz Ratner/Reuters)
Desde 2013, a Ucrânia não exigia mais o serviço militar de seus cidadãos. Na Rússia, ele continua obrigatório. Para os jovens da Crimeia que não esperavam servir, o futuro agora é certo: alistamento. E para defender a Rússia, não a Ucrânia.
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8. 7. Para comprar um chip de celular, mostre o passaporte
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8/13 (Photobucket / meme_168)
Para comprar um simples chip SIM de celular na Rússia, exige-se o passaporte. Assim será na nova Crimeia. Antes de cair, o presidente ucraniano Viktor Yanukovych tentou criar a mesma lei no país - uma maneira de controlar e vigiar mais facilmente a população e os manifestante.
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9. 8. Problemas para combater a Aids
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9/13 (Marcelo Camargo/ABr)
Desde o fim da União Soviética, russos e ucranianos viveram um rápido crescimento de casos de Aids - principalmente, por conta do uso de drogas injetáveis. Na Ucrânia, medidas do governo ajudaram a controlar a epidemia. Na Rússia, os esforços contra a doença nunca foram tão intensos. O combate à doença na Crimeia pode piorar se as medidas e campanhas de saúde russas passarem a vigorar.
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10. 9. Nova moeda
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10/13 (REUTERS/Vasily Fedosenko)
A Crimeia usava a moeda ucraniana, o hryvnia. Agora, usará o rublo, a moeda russa. Líderes da Crimeia estão planejando um período de transição, com as duas moedas sendo aceitas.
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11. 10. ONGs locais perderão força
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11/13 (AFP/Getty Images)
Em 2012, a Rússia fechou a torneira de fundos das ONGs locais. Putin aprovou uma lei que submetia as organizações a um rigoroso processo de investigação para liberar verbas. Na realidade, era uma maneira de descobrir o que Putin chamada de "agentes estrangeiros" - espiões. O ex-presidente ucraniano Yanukovych tentou criar lei semelhante, sem sucesso. Agora, as ONGs da Crimeia passarão pelo pente fino russo.
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12. 11. A internet será censurada
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12/13 (Getty Images)
Na Rússia, há uma lista de sites proibidos desde 2012. Sites que não podem ser acessados de dentro do país. Segundo o governo, estão bloqueados sites de pornografia infantil, drogas e suicídio. Na realidade, a medida serve para bloquear sites de oposição ao governo. Agora o povo da Crimeia também não poderá acessar determinados sites.
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13. Agora veja quem poderia entrar em uma briga com a Rússia
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13/13 (REUTERS/Baz Ratner)