Soldados uniformizados, possivelmente da Rússia, marcham em formação em Simferopol, capital da Crimeia (Vasily Fedosenko/Reuters)
Da Redação
Publicado em 1 de abril de 2014 às 17h07.
Bruxelas - A Organização do Tratado do Atlântico Norte suspendeu toda a cooperação prática com a Rússia nesta terça-feira em protesto à anexação da Crimeia e ordenou que seus militares planejem medidas para reforçar suas defesas e tranquilizar países do Leste Europeu preocupados com a situação.
Ministros das Relações Exteriores da aliança liderada pelos Estados Unidos, formada por 28 nações, irão se reunir pela primeira vez desde que a ocupação russa da Crimeia, região da Ucrânia, desencadeou a pior crise entre Ocidente e Oriente desde a Guerra Fria.
Eles concordaram em "suspender toda a cooperação prática, civil e militar, entre a Otan e a Rússia".
Autoridades da Otan disseram que a decisão pode afetar a cooperação com a Rússia no Afeganistão em áreas como treinamento de pessoal de combate aos narcóticos, manutenção de helicópteros da Força Aérea afegã e uma rota de trânsito para fora do país devastado pela guerra.
Os contatos entre a Otan e a Rússia em nível diplomático ou superior podem continuar para que se possam discutir saídas para a crise.
Classificando as ações russas na Ucrânia de inaceitáveis, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, disse: "Por meio de suas ações, a Rússia minou os princípio sobre os quais nossa parceria está erguida e rompeu com seus próprios compromissos internacionais. Então, não podemos agir como se nada tivesse acontecido".
Os ministros ordenaram a seus militares que "desenvolvam em regime de urgência uma série de medidas adicionais para reforçar as defesas coletivas da Otan", disse um funcionário da aliança.
As medidas podem incluir o envio de soldados e equipamentos da Otan para seus aliados no Leste Europeu, a realização de mais exercícios, ações para garantir que uma força de reação rápida possa se mobilizar mais rapidamente e uma revisão dos planos militares da aliança. Os planejadores retornarão em algumas semanas com propostas detalhadas, informou o funcionário.
Em um encontro separado de seus ministros das Relações Exteriores, a Otan e a Ucrânia concordaram em aumentar a cooperação e incentivar as reformas na defesa ucraniana por meio de treinamentos e outros programas. Aliados da Otan irão enviar mais especialistas a Kiev.
A Otan declarou não haver sinal de uma retirada parcial das tropas russas da fronteira ucraniana, como Moscou anunciou na segunda-feira. "Infelizmente, não posso confirmar que a Rússia está retirando suas tropas. Não é o que estamos vendo", disse Rasmussen a repórteres.
Alerta Russo
Enquanto os ministros da aliança se reuniam, a Rússia alertou a Ucrânia contra a integração com a Otan, dizendo que as tentativas anteriores de Kiev de se aproximar mais do organismo tiveram consequências desagradáveis.
O primeiro-ministro ucraniano, Arseny Yatseniuk, já disse que a nova liderança pró-Ocidente do país não busca uma inclusão na aliança ocidental. Porém, a Otan deve intensificar a cooperação com as forças armadas ucranianas treinando militares, realizando exercícios conjuntos e promovendo reformas.
Os Estados Unidos e seus aliados deixaram claro que não têm planos militares para defender a Ucrânia, mas asseguraram proteção a seus aliados do Leste Europeu que se juntaram à Otan nos últimos 15 anos, após o colapso da União Soviética.