Mundo

Otan reconhece dificuldade para derrubada militar de Kadafi

Tropas do governo cercam Misrata há semanas

Os rebeldes rejeitaram conversações de paz com Kadafi (Giorgio Cosulich/Getty Images)

Os rebeldes rejeitaram conversações de paz com Kadafi (Giorgio Cosulich/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de abril de 2011 às 11h40.

Trípoli - Forças do governo líbio tentaram invadir a cidade sitiada de Misrata nesta sexta-feira, enquanto generais da Otan admitiram que os ataques aéreos da aliança militar não bastam para ajudar os insurgentes a retirar Muammar Kadafi do poder à força.

Misrata, único bastião rebelde no oeste do país, está sob cerco das forças de Kadafi há semanas. Na sexta-feira os insurgentes disseram que tropas governamentais avançavam nos distritos do leste e combatiam os rebeldes nas ruas.

"Tentaram avançar e entrar na cidade pelo leste, por uma área chamada Eqseer, que é povoada. Os rebeldes os confrontaram e os embates continuam", disse Hassan al-Misrati, porta-voz dos insurgentes, à Reuters.

O único front ativo da guerra, ao longo da costa do Mediterrâneo em torno das cidades de Brega e Ajdabiyah, no leste, está em um impasse há uma semana, com os dois lados realizando progressos e retiradas atrás de linhas seguras de noite.

O general Carter Ham, chefe do Comando dos EUA na África, disse na quinta-feira que o conflito está se estagnando e que é muito improvável que os rebeldes consigam abrir caminho até Trípoli e depor Kadafi.

As esperanças de que a cobertura aérea ocidental e os ataques às forças de Kadafi fariam a balança pender a favor dos rebeldes evaporaram à medida que as tropas do governo posicionaram suas forças mecânicas perto de áreas civis, que a Otan reluta em atacar.

Situação Política

A porta-voz da Otan, Oana Lungescu, adotou postura semelhante à de Ham nesta sexta-feira.


"Sempre deixamos claro que não há solução puramente militar para este conflito. Por isso é tão importante encontrar uma solução política, e nisso não há impasse", disse ela. Os rebeldes rejeitaram conversações de paz com Kadafi.

Lungescu, como outros oficiais da Otan, expressou frustração com a dificuldade de atingir as tropas de Kadafi evitando baixas civis.

"O fato de vermos tropas de Gaddafi usando carros de passeio torna difícil saber quem é quem. Estão usando escudos humanos e estacionando tanques perto de mesquitas e escolas, então é muito difícil mirar qualquer equipamento militar sem causar baixas civis", declarou ela em uma entrevista em Bruxelas.

A confusão no campo de batalha deserto causou incidentes de "fogo amigo", o mais recente na quinta-feira, aumentando a revolta dos insurgentes.

Eles afirmam que cinco de seus combatentes morreram quando aviões da Otan bombardearam uma coluna de 20 tanques retirados de um depósito que rumavam para o oeste de Ajdabiyah para reforçar o front em torno de Brega. A Otan admitiu na sexta-feira que sua força aérea provavelmente é responsável pelo incidente.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaGuerrasLíbiaMuammar KadafiPolíticaPolíticos

Mais de Mundo

Grupos armados bloqueiam distribuição de ajuda humanitária em Gaza

Assembleia da França decide sobre acordo UE-Mercosul nesta terça em meio a protestos

Israel se pronuncia sobre acordo de cessar-fogo com o Hezbollah

Presidente do Chile, Gabriel Boric é denunciado por assédio sexual; político nega: 'infundado'