Mundo

Otan realiza reunião de cúpula em UE marcada pela incerteza

A reunião, com as presenças do presidente americano Barack Obama, François Hollande, Angela Merkel e David Cameron, acontecerá neste fim de semana


	Reunião da Otan: o Brexit, sem dúvidas, estará entre as declarações políticas
 (Kacper Pempel / Reuters)

Reunião da Otan: o Brexit, sem dúvidas, estará entre as declarações políticas (Kacper Pempel / Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de julho de 2016 às 10h27.

Os líderes da Otan celebram esta semana em Varsóvia uma importante reunião de cúpula, no momento em que a Europa, fragilizada pelo Brexit e a crise migratória, reforça sua defesa no leste do continente e enfrenta a ameaça extremista no sul.

A reunião, com as presenças do presidente americano Barack Obama, seu colega francês François Hollande, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro-ministro britânico David Cameron, acontecerá neste fim de semana, 8 e 9 de julho.

O encontro tem uma carga simbólica porque a capita polonesa foi a cidade em que foi assinado em 1955 o Pacto de Varsóvia, liderado pela União Soviética, que tinha o objetivo de fazer o contraponto da Aliança Atlântica.

Os 28 líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) pretendem reforçar sua presença no leste europeu, outrora sob a influência de Moscou.

A principal decisão será a ratificação do plano de ação para contra-atacar a Rússia, cada vez mais agressiva, depois da anexação da Crimeia e da intervenção na Ucrânia em 2014.

A Otan pretende ainda tornar mais dinâmica a cooperação com a União Europeia (UE, da qual 22 dos 28 países membros integram a Aliança), que enfrenta em sua vizinhança ao sul a ameaça de Estados falidos, no Oriente Médio ou na África.

O Brexit, sem dúvidas, estará entre as declarações políticas. O Reino Unido é um aliado chave dos Estados Unidos na Europa e um pilar da Aliança.

A votação para a saída britânica da UE gerou uma incerteza que muitos chefes de Estado preferiam evitar, no momento em que o bloco está fragilizado por enfrentar a mais grave crise migratória desde 1945, a começar por Barack Obama, que comparece ao último encontro de cúpula da Otan de seu mandato.

Reforço do leste da Aliança

A Otan insiste que o Brexit não afeta a Aliança, mas a incerteza persiste com a Rússia, em crise com o Ocidente desde que o conflito na Ucrânia e o apoio de Moscou aos separatistas do leste acabaram com duas décadas de otimismo nas relações com o Kremlin.

O plano de resposta, esboçado pela Otan em 2014, o 'Readiness Action Plan', implica respeitar o mínimo de gastos militares de 2% do PIB e cessar os cortes.

Para acalmar os aliados que conquistaram a independência de Moscou no início dos anos 1990, a Otan decidiu ampliar a "Força de Resposta" (NRF, Nato Response Force) ao triplicar seus efetivos, até 40.000 soldados, e criar uma "ponta de lança" ('Spearhead') de 5.000 homens, com capacidade de deslocamento em poucos dias em qualquer foco de crise.

A Polônia e os três países bálticos, no entanto, conseguiram ainda mais. A reunião deve ratificar o envio a estes países de quatro batalhões multinacionais (entre 600 e 1.000 militares cada), com base em um rodízio.

A decisão não tem precedentes desde o fim da Guerra Fria e a Ata Fundacional de 1997 que rege as relações Otan-Rússia e estabelecia a redução das forças convencionais na Europa e Rússia.

A Rússia considera, porém, que é a Otan que avança sobre aqueles que eram seus 'satélites', o que ameaça a sua segurança.

"Não vamos ceder a este frenesi militarista quando são eles que tentam nos arrastar para uma cara corrida armamentista e sem perspectivas", afirmou recentemente o presidente russo Valdimir Putin.

Acompanhe tudo sobre:BrexitEuropaOtanUnião Europeia

Mais de Mundo

Itamaraty alerta para a possibilidade de deportação em massa às vésperas da posse de Trump

Invasão de apoiadores de presidente detido por decretar lei marcial deixa tribunal destruído em Seul

Trump terá desafios para cortar gastos mesmo com maioria no Congresso

Milei chama Bolsonaro de amigo e lamenta ausência em evento de posse de Trump