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Otan mantém suspensa cooperação com a Rússia

Ministros da Otan decidiram manter sua decisão de abril de suspender a cooperação prática com a Rússia pelo que chamaram de sua "agressão" à Ucrânia


	Anders Fogh Rasmussem: "não vemos mudanças no comportamento da Rússia"
 (Yves Herman/Reuters)

Anders Fogh Rasmussem: "não vemos mudanças no comportamento da Rússia" (Yves Herman/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 25 de junho de 2014 às 14h44.

Bruxelas - Os ministros das Relações Exteriores da Otan decidiram nesta quarta-feira manter sua decisão de abril de suspender a cooperação prática com a Rússia pelo que chamaram de sua "agressão" à Ucrânia, e exigiram que Moscou dê passos "verdadeiros e efetivos" para apoiar o plano de pacificação do leste ucraniano.

"Em abril, dissemos que não iríamos seguir como sempre com a Rússia. Hoje não vemos mudanças no comportamento da Rússia, por isso não temos outra opção senão manter a suspensão da cooperação prática militar e civil até que a Rússia volte à linha de suas obrigações internacionais", destacou o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, em entrevista coletiva após a reunião dos chefes da diplomacia aliados.

Além disso, Rasmussen ressaltou que o plano de paz apresentado por Kiev é uma "autêntica oportunidade para diminuir a tensão" na Ucrânia.

Os ministros exigiram que a Rússia tome "verdadeiras e efetivas" medidas para "deixar de desestabilizar" a Ucrânia, crie condições para que o plano de paz seja implementado, acabe com seu "apoio aos grupos separatistas" no leste do país vizinho e interrompa o fluxo de armas e combatentes através de sua fronteira, acrescentou.

O líder aliado explicou que, durante 20 anos, a Otan tentou construir uma confiança com a Rússia com base em "valores mútuos", mas considerou que essa confiança ficou "corroída" por causa do comportamento de Moscou na crise ucraniana.

Em suas discussões, os ministros falaram sobre a "ameaça" que a ação da Rússia representa para a segurança do país e do bloco e do novo tipo de "guerra híbrida" que Moscou tem com a Ucrânia, na qual recorre às pressões econômicas ou à desinformação para conseguir seus objetivos estratégicos, disseram fontes aliadas.

"Não há ambiguidade, está claro que todos os ministros estão de acordo que a Rússia está por trás do que acontece no leste da Ucrânia", afirmaram, reiterando a Moscou "ações, e não só palavras".

Os ministros, que convidaram para a reunião o chefe da diplomacia da Ucrânia, Pavlo Klimkin, também decidiram hoje criar vários fundos econômicos para ajudar Kiev em questões militares, de logística, segurança cibernética e no apoio aos soldados da reserva, que podem contar com 12 milhões de euros.


Além disso, para melhorar as capacidades de outros países, eles decidiram um apoio mais sistemático e rápido da Otan, por meio do estabelecimento de um grupo de especialistas civis e militares que poderiam ser chamados com prioridade nos lugares e momentos que forem necessários, anunciou Rasmussen.

Por outro lado, os ministros elogiaram os progressos dos quatro países candidatos a ingressar na organização (Geórgia, Montenegro, Macedônia e Bósnia-Herzegovina), mas não definiram uma data para sua adesão.

Rasmussen ressaltou que na cúpula da Otan dos dias 4 e 5 de setembro no País de Gales, os líderes aliados adotarão "decisões muito importantes sobre a política de portas abertas".

Para essa data, a Otan deve promover um "pacote substancial" de ajuda à Geórgia que permita a esse país "se aproximar" mais da organização, e abrir conversas "mais intensas" com Montenegro para tomar uma decisão, no máximo, até o final de 2015, declarou.

Rasmussen lembrou que não é necessária uma decisão dos líderes para o acesso de um novo país e que ela pode ser tomada em nível ministerial.

Outro tema abordado hoje e que será analisado na cúpula é a necessidade de os países-membros aumentarem sua despesa em defesa, pelo menos a 2% de seu PIB, visando melhorar suas capacidades.

Já a Turquia expôs a seus aliados sua preocupação pelos avanços dos jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e o Levante (EIIL), uma crise que fica perto de sua fronteira.

"Há muita preocupação pela situação no Iraque, e também pela região como todo", disse Rasmussen, que acrescentou que "os aliados estão juntos em solidariedade e unidade, focados em proporcionar segurança a nossos aliados, incluindo a Turquia".

Rasmussen também ressaltou a importância de missões de formação policial como a que a Otan realizou no Iraque ou a que espera promover no Afeganistão a partir de 2015 se Cabul assinar os acordos internacionais de segurança necessários, um tema incluído também na agenda da reunião de hoje.

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