Mundo

Otan envia 40 mil soldados para a fronteira da Ucrânia

A organização concordou nesta quinta em estabelecer quatro novas unidades de combate na Bulgária, Romênia, Hungria e Eslováquia

Veículos militares ucranianos passam pela Praça da Independência no centro de Kiev em 24 de fevereiro de 2022.  (DANIEL LEAL / Colaborador/Getty Images)

Veículos militares ucranianos passam pela Praça da Independência no centro de Kiev em 24 de fevereiro de 2022. (DANIEL LEAL / Colaborador/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de março de 2022 às 17h41.

Em cúpula realizada nesta quinta-feira, 24, os países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) anunciaram o aumento das tropas em seu flanco leste e prometeram aumentar sua assistência à Ucrânia em cibersegurança, além de proteção contra armas químicas, biológicas, radiológicas e nucleares. Apesar dos apelos do presidente ucraniano por mais ajuda, a aliança reforçou que não colocará tropas no país.

"Em resposta às ações da Rússia, ativamos os planos de defesa da Otan, destacamos elementos da Força de Resposta da Otan e colocamos 40.000 soldados em nosso flanco leste, juntamente com meios aéreos e navais significativos, sob comando direto da Otan apoiado por destacamentos nacionais dos aliados", disse o chefe da Otan, Jens Stoltenberg.

Quer saber tudo sobre a política internacional? Assine a EXAME e fique por dentro.

Em conferência de imprensa logo após o encontro, Stoltenberg disse que a aliança já fornece apoio para a Ucrânia desde 2014, quando houve a anexação da Crimeia pela Rússia. "Treinamos as forças armadas da Ucrânia, fortalecendo suas capacidades militares e aumentando sua resiliência. Os aliados da Otan intensificaram o seu apoio e continuarão a fornecer mais apoio político e prático à Ucrânia, à medida que continua a defender-se", disse.

A Otan, que já aumentou massivamente sua presença em suas fronteiras orientais desde o início da guerra, com os cerca de 40.000 soldados espalhados do Báltico ao Mar Negro, concordou nesta quinta em estabelecer quatro novas unidades de combate na Bulgária, Romênia, Hungria e Eslováquia.

"Os Aliados da Otan também continuarão a prestar assistência em áreas como segurança cibernética e proteção contra ameaças de natureza química, biológica, radiológica e nuclear. Os Aliados também fornecem amplo apoio humanitário e estão hospedando milhões de refugiados."

Questionado sobre o tipo de suporte que a aliança dará aos ucranianos contra as ameaças químicas, Stoltenberg, disse que fornecerá equipamentos de detecção, proteção e suporte médico, além de treinamento para descontaminação e gerenciamento de crises em caso de qualquer ataque químico, biológico, radiológico ou nuclear russo.

O chefe se recusou a fornecer mais detalhes sobre o tipo ou números de equipamentos de assistência de fato enviariam para o leste, alegando "questões de segurança". "Estamos tomando todas as medidas e decisões para garantir a segurança e a defesa de todos os Aliados em todos os domínios e com uma abordagem de 360 graus."

Stoltenberg disse que a Aliança pretende se preparar para "uma realidade estratégica mais perigosa", cujos detalhes devem ser definidos em abril durante uma reunião entre os chanceleres dos países membros e parceiros.

Os aliados também fizeram um alerta à China, caso o país ajude a Rússia em meio às sanções ocidentais. "Estamos preocupados com os recentes comentários públicos de funcionários da China e pedimos que pare de amplificar as falsas narrativas do Kremlin, em particular sobre a guerra e a Otan, e promova uma resolução pacífica para o conflito."

"Apelamos a todos os Estados, incluindo a República Popular da China, a defender a ordem internacional, incluindo os princípios de soberania e integridade territorial, conforme consagrados na Carta da ONU, a abster-se de apoiar o esforço de guerra da Rússia de qualquer forma e a abster-se de qualquer ação que ajude a Rússia a contornar as sanções."

Zelensky

A Otan, no entanto, rejeitou repetidos apelos de Kiev para defender os céus da Ucrânia de ataques aéreos russos, e o presidente ucraniano, Volodmir Zelensky, que se juntou à cúpula da Otan por meio de uma videochamada, reclamou que o Ocidente não forneceu tanques ou sistemas antimísseis modernos.

"Vocês podem nos dar 1% de todos os seus aviões. 1% de todos os seus tanques. 1%!", pediu Zelensky. "A Ucrânia pediu seus aviões. Para não perdermos tantas pessoas. E vocês têm milhares de caças! Mas ainda não recebemos nenhum. Para salvar as pessoas e nossas cidades, a Ucrânia precisa de assistência militar, sem restrições."

Um alto funcionário do governo americano disse ao jornal The New York Times que, após os comentários de Zelensky, os membros da Otan iniciaram uma conversa sobre a possibilidade de fornecer sistemas de mísseis antinavio para a Ucrânia. Mas isso pode levar tempo, e Zelensky encerrou suas observações com um apelo por ação imediata.

A Otan também não enviará tropas ou aviões para a Ucrânia, reiterou Stoltenberg, cujo mandato como diretor-geral foi estendido por um ano até o final de setembro de 2023.

"A Otan ainda não mostrou o que a aliança pode fazer para salvar as pessoas", disse Zelensky, acrescentando acreditar que o presidente russo, Vladimir Putin, também queria atacar os membros do leste da Otan - Polônia e os países bálticos.

Acompanhe tudo sobre:GuerrasOtanRússiaUcrânia

Mais de Mundo

Trump escolhe bilionário Scott Bessent para secretário do Tesouro

Partiu, Europa: qual é o país mais barato para visitar no continente

Sem escala 6x1: os países onde as pessoas trabalham apenas 4 dias por semana

Juiz adia indefinidamente sentença de Trump por condenação em caso de suborno de ex-atriz pornô