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Otan diz que fronteiras da Europa não devem ser redesenhadas

Secretário-geral da Otan advertiu hoje à Rússia que no século 21 não deve haver nenhuma tentativa de redesenhar as fronteiras da Europa


	Secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen: "exigimos que a Rússia honre seus compromissos internacionais e interrompa a escalada militar na Crimeia"
 (Francois Lenoir/Reuters)

Secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen: "exigimos que a Rússia honre seus compromissos internacionais e interrompa a escalada militar na Crimeia" (Francois Lenoir/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de março de 2014 às 13h57.

Bruxelas - O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, advertiu nesta quinta-feira a Rússia que no século 21 "não deve haver nenhuma tentativa de redesenhar as fronteiras da Europa", exigindo a retirada das tropas russas e que Moscou interrompa a escalada militar na península ucraniana da Crimeia.

"Acima de tudo, exigimos que a Rússia honre seus compromissos internacionais e interrompa a escalada militar na Crimeia. Pedimos à Rússia enviar suas tropas para as bases e se abster de qualquer interferência em outras regiões da Ucrânia", declarou Rasmussen após uma reunião com o primeiro-ministro interino da Ucrânia, Arseni Yatseniuk, na sede da Otan.

"Não deveria haver nenhuma tentativa de redesenhar as fronteiras no mapa da Europa em pleno século 21", acrescentou o político dinamarquês, que reiterou o apoio da Otan à Ucrânia e ao seu direito de decidir sobre seu próprio futuro, sua soberania e sua integridade territorial, além dos direitos fundamentais do direito internacional.

"Não se trata somente da Ucrânia, esta crise tem sérias implicações para a segurança e estabilidade da área euroatlântica em seu conjunto", sustentou Rasmussen.

De acordo com o secretário-geral da Otan, a comunidade internacional "enfrenta a ameaça mais grave à segurança europeia desde o fim da Guerra Fria", enquanto ressaltou que a soberania, a independência e a integridade territorial da Ucrânia "são fatores fundamentais para a estabilidade e a segurança na região".

No entanto, Rasmussen destacou que a Otan "considera a solução política como a única maneira" de superar este conflito e, por isso, apoia os esforços internacionais para enviar observadores à região e estabelecer um diálogo pacífico.


Rasmussen também exaltou a importância do processo político na Ucrânia ser inclusivo e baseado nos valores democráticos, no respeito aos direitos humanos, às minorias e ao Estado de direito.

"Um processo assim atenderia as aspirações democráticas de todos os ucranianos", sustentou o secretário-geral da Otan.

Na opinião de Rasmussen, os ucranianos "mostraram uma grande determinação e coragem", enquanto as Forças Armadas do país "mostraram grande contenção sob uma tremenda pressão", algo que considerou fundamental, já que, segundo ele, "manter a cabeça fria é fundamental para frear a escalada de violência".

Yatseniuk, por sua parte, assegurou que a Ucrânia "está comprometida em resolver esta crise pacificamente, e que "não há nenhuma (opção) militar sobre a mesa".

Segundo o primeiro-ministro interino da Ucrânia, corresponde ao governo russo "dar um passo para trás" para "estabilizar a situação na região e não criar mais tensão entre os países e em toda Europa".

Nesse sentido, Yatseniuk reiterou a Moscou o pedido de devolver aos seus soldados às bases invadidas, além de cumprir suas obrigações internacionais: "É de responsabilidade do governo russo. Eles que começaram isto, eles que têm que terminar".

Yatseniuk informou que convidou o Conselho do Atlântico Norte (embaixadores da Otan) para realizar uma reunião em Kiev.

Além disso, ao ser questionado sobre sua visita ao quartel-general da Otan em Bruxelas, Rasmussem considerou a mesma como "muito razoável" e disse que isso não aumentaria as tensões na região.

Yatseniuk ressaltou que "não considera uma opção militar como estratégia de saída para esta crise". "Essa é a razão pela qual eu solicitei esta reunião. Seguimos achando que temos que fazer todo o possível para enfrentar esta crise com ferramentas políticas e diplomáticas", completou.

Perguntado sobre a possibilidade da Ucrânia se transformar em Estado membro da Otan, o primeiro-ministro interino assegurou que essa possibilidade "não está no radar", levando em consideração que, em 2008, a Otan decidiu que a Ucrânia e Geórgia fariam parte da Aliança quando completassem os requisitos necessários.

*Atualizada às 13h57 do dia 06/03/2014

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