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Otan aponta jihadismo e Rússia como maiores desafios

O terrorismo jihadista e o ataque da Rússia à Ucrânia são dois dos maiores desafios das relações internacionais atuais, disse o secretário-geral da Otan


	Chefe da Otan, Anders Fogh Rasmussen: "é preciso enfrentar esse fato", disse
 (John Thys/AFP)

Chefe da Otan, Anders Fogh Rasmussen: "é preciso enfrentar esse fato", disse (John Thys/AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2014 às 14h56.

Bruxelas - O terrorismo jihadista e o ataque da Rússia à Ucrânia são dois dos maiores desafios das relações internacionais atuais, disse à Agência Efe o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, que nesta sexta-feira se despede do organismo.

"A instabilidade dessas e de outras ameaças são desafios de uma escala que não se conhecia há duas décadas: é preciso enfrentar esse fato", assinalou à Efe o secretário-geral da Aliança Atlântica em entrevista antes de terminar seu mandato na próxima terça-feira, para ser substituído em 1º de outubro pelo norueguês Jens Stoltenberg.

Para Rasmussen, que assumiu seu mandato à frente da Aliança em 2009, "o ambiente de segurança é mais imprevisível do que nunca. Há crise e instabilidade do leste ao sul do planeta, com a Rússia atacando a Ucrânia, com uma crescente ameaça terrorista na Síria e no Iraque, além do sectarismo crescente no Oriente Médio ou no instável norte da África, especialmente na Líbia".

Rasmussen, de 61 anos e que também foi primeiro-ministro da Dinamarca (2001-2009), se declarou "muito orgulhoso de ter servido a Aliança. Nestes tempos turbulentos, a Otan é a linha de frente à instabilidade".

Em sua análise dos desafios que a Otan tem pela frente cinco anos após ter assumido seu mandato, o político conservador dinamarquês situa em lugar prioritário as relações com a Rússia, que em março passado anexou a península ucraniana da Crimeia e com isso desafiou o equilíbrio internacional.

"Nossa relação com a Rússia não pode ser como se nada tivesse acontecido", afirmou, ao mesmo tempo em que apontou que a "Rússia fracassou na hora de cumprir os princípios fundamentais de cooperação do (Conselho) Otan-Rússia e da lei internacional".

As relações entre ambos se regularam desde 1991 pelo Conselho Otan-Rússia, uma instância de consulta que foi abalada desde abril quando os aliados concordaram em suspender toda cooperação prática com Moscou por causa de sua atuação na Ucrânia, apesar de o diálogo diplomático continuar aberto.

Essa relação, construída desde o fim da Guerra Fria e "por mais de 20 anos" foi quebrada depois que a "Rússia iniciou sua agressão ilegal à Ucrânia".

O político dinamarquês explicou à Efe que isso afetou projetos de cooperação prática no Afeganistão, na luta contra o terrorismo, o narcotráfico e a pirataria, o que a Otan lamenta.

O secretário-geral aliado rejeitou as críticas da diplomacia russa sobre o papel do organismo na crise ucraniana e assegurou que "todas as medidas adotadas pela Otan foram defensivas para reforçar a defesa coletiva dos aliados e em linha com os compromissos internacionais".

"A Rússia culpa os demais por suas próprias ações. Ela aumentou significativamente as tensões na região ao desestabilizar a Ucrânia", disse Rasmussen, assinalando que "esta crise é obra de Moscou e é alimentada por Moscou. Esse é um verdadeiro papel destrutivo".

O secretário-geral da Otan disse que o governo de Moscou "proporcionou armamento pesado aos separatistas e enviado a suas próprias tropas e equipamentos militares à Ucrânia, violando seus compromissos internacionais".

A ameaça do terrorismo jihadista protagonizada pelo chamado Estado Islâmico (EI) desde Iraque e Síria é outro dos desafios assinalados por Rasmussen, ressaltando que esse "grupo terrorista é uma grave ameaça para os iraquianos, os sírios, a região e nossas nações".

"Acho que a comunidade internacional tem a responsabilidade de parar os avanços do EI", assegurou à Efe o secretário-geral, que reiterou seu apoio à ação militar anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, contra esse grupo e uma coalizão à qual se somaram já várias dezenas de países.

O Governo do Iraque pediu assistência a países aliados de forma individual, "mas não houve pedido alguma à Otan".

Na cúpula bienal da Aliança em Newport (Reino Unido) no começo de setembro, os aliados decidiram "ter um papel de coordenação na assistência de segurança, e no que for pedido, considerando-se imediatamente uma missão de assistência às capacidades de defesa iraquianas".

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