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Otan ajudará rebeldes líbios em Misrata

General Abdel, comandante oposicionista, acusou a organização de permitir a morte de civis

General Abdel Yunis: "se a Otan esperar mais uma semana, será o fim de Misrata" (Gianluigi Guercia/AFP)

General Abdel Yunis: "se a Otan esperar mais uma semana, será o fim de Misrata" (Gianluigi Guercia/AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de abril de 2011 às 12h13.

Ajdabiya, Líbia - Acusada de inoperância pelos insurgentes, a Otan prometeu nesta quarta-feira proteger os habitantes de Misrata, cidade do oeste da Líbia bombardeada pelas forças de Muammar Kadafi, um dia depois do anúncio de abertura do regime para um eventual diálogo.

"A Otan fará tudo para proteger os civis de Misrata", afirmou a porta-voz adjunta da Aliança Atlântica, Carmen Romero, ao comentar a situação da cidade cercada há mais de 40 dias pelas forças de Kadafi.

O comandante militar dos rebeldes, general Abdel Fattah Yunis, acusou na terça-feira a Otan de permitir a morte dos habitantes de Misrata.

"Se a Otan esperar mais uma semana, será o fim de Misrata", disse. Segundo o ex-ministro do Interior, que passou para o lado da rebelião, os habitantes de Misrata estão ameaçados de "extermínio".

"A água está cortada, não há eletricidade nem alimentos, também não há leite para as crianças há 40 dias, enquanto as forças de Kadafi bombardeiam a cada dia casas, mesquitas e hospitais com artilharia pesada", completou.

O ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé, disse nesta quarta-feira que a situação não pode continuar assim.

"Misrata é, efetivamente, nossa prioridade número um. Na segunda-feira efetuamos bombardeios ao redor da cidade, atacando equipes do Exército de Kadafi", destacou Carmen Romero.

A Otan executou 14 ataques na região na segunda-feira, incluindo ações contra as defesas antiaéreas e os tanques das forças de Kadafi.


O ministro francês da Defesa, Gerard Longuet, informou que os rebeldes líbios poderão abastecer pelo mar a cidade de Misrata, e prometeu que a coalizão trabalhará para que "em nenhum momento os meios militares de Kadafi consigam impedir" a ação.

No outro extremo do país, os bombardeios prosseguiam nesta quarta-feira perto do terminal petroleiro de Brega (800 km a leste de Trípoli), a 40 km de Ajdabiya, segundo os rebeldes. Jornalistas e civis não tinham acesso à zona.

"No momento não há combates, apenas bombardeios de um lado e outro", declarou Sherif Mohamad, ex-soldado que se uniu à rebelião.

Na terça-feira, em Brega, os insurgentes recuaram 30 km para o leste, ante a ofensiva do Exército leal a Kadafi.

Do lado político, o regime líbio, desafiado desde 15 de fevereiro por uma revolta popular que virou guerra civil, anunciou que está disposto a iniciar um diálogo caso os rebeldes entreguem as armas.

"Eles (os rebeldes) têm que entregar as armas. Depois poderão participar no processo político", declarou o vice-ministro das Relações Exteriores, Khaled Kaim.

O vice-chanceler destacou que o Conselho Nacional de Transição (CNT), formado pela rebelião, "não representa a base popular na Líbia" e que serão adotadas garantias em todo o processo político com observadores da União Africana (UA) e da ONU.

O porta-voz do governo, Mussa Ibrahim, afirmou na segunda-feira que o regime estava disposto a negociar eleições ou um referendo sobre qualquer tema, mas descartou uma saída de Kadafi.

Na frente econômica, um petroleiro ancorou em Tobruk, leste do país, de onde deve transportar nesta quarta-feira a primeira carga de petróleo produzida pela rebelião desde a interrupção das exportações do país.

Os rebeldes esperam obter financiamento com o petróleo.

O ministro turco de Assuntos Europeus, Egemen Bagis, destacou que a prioridade é um cessar-fogo e a criação de corredores humanitários, antes de mudanças políticas.

O Papa Bento XVI, por sua vez, pediu que as partes envolvidas se comprometam com "a pacificação e o diálogo" e pediu o fim do derramamento de sangue.

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