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Otan acusa regime de Kadafi de instalar minas perto de Misrata

Segundo chefe da missão militar na Líbia, as minas foram estrategicamente posicionadas para impedir a movimentação da população

A missão da Otan tinha um período inicial de 90 dias, até o fim de junho, mas deve ser estendida (Alexander Klein/AFP)

A missão da Otan tinha um período inicial de 90 dias, até o fim de junho, mas deve ser estendida (Alexander Klein/AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de maio de 2011 às 08h48.

Bruxelas - A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) detectou nesta sexta-feira um campo de minas antipessoais instalada pelo regime de Muammar Kadafi nas proximidades de Misrata, revelou o tenente-general canadense Charles Bouchard, chefe da missão militar na Líbia.

"O relatório desta manhã indica que foi instalado um campo de minas na área de Misrata, minas antipessoais contrárias à lei internacional, colocadas em uma área estratégica impedindo a movimentação da população", assinalou Bouchard em entrevista coletiva.

O chefe militar garantiu que a Otan está trabalhando para definir o contorno do campo de minas, mas admitiu que a tarefa de desativar os artefatos não corresponde ao mandato da aliança.

A Otan assumiu o trabalho de desativar as minas marítimas, mas pelo fato de não ter soldados no território não pode fazer o mesmo no caso das terrestres.

De acordo com Bouchard, há "sinais" de que Misrata volta à normalidade, mas alertou que as tropas leais ao regime líbio seguem tentando retomar o controle da cidade.

A missão da Otan tinha um período inicial de 90 dias, até o fim de junho. Após uma revisão da missão, o Conselho Atlântico terá de decidir sobre a possível extensão.

A porta-voz da aliança, Oana Lungescu, assinalou que a missão 'Protetor Unificado' registrou avanços consideráveis.

"Nossas operações têm efeitos visíveis no território, avaliação que foi compartilhada pelo conselho da aliança que se reuniu nesta sexta-feira e cujos membros confiam em ver "em breve" uma solução à crise na Líbia, indicou.


Bouchard também expressou sua confiança em que a missão militar surta "em breve" o efeito desejado no seio do regime de Kadafi.

"Em geral há sinais de melhoria e atualmente a Líbia é um lugar muito mais seguro do que antes de 31 de março", assinalou, embora reconheça que resta bastante trabalho pela frente, acrescentou o militar canadense.

Neste sentido, referiu-se ao fornecimento de helicópteros de ataque da França e do Reino Unido, oito ao todo, que permitirão atingir os veículos e outros alvos militares com maior precisão. Os helicópteros operarão sob o mandato da operação Protetor Unificado e sob controle da Otan, detalhou Bouchard.

Atualmente "estamos no processo de desenvolver suas capacidades. Entrarão em ação assim que estiverem prontos", acrescentou.

A tarefa dos helicópteros será combater as forças pró-Kadafi que ataquem a população.

No entanto, a Otan assegura que a incorporação destas aeronaves militares à missão não envolve a presença de tropas em terra.

"Meu mandato é claro: nenhuma bota no terreno", disse Bouchard, em referência ao fato de não existir forças de terra, proibidas pelo mandato das Nações Unidas.

Com relação ao cessar-fogo proposto pelo regime líbio supostamente em carta enviada a vários Governos estrangeiros, a porta-voz da Otan sustentou que "as palavras não são suficientes".

"O regime fez declarações similares antes e depois e continuou bombardeando áreas residenciais e a civis, de modo que o que importa são as ações e não as palavras e essas ações têm de ser críveis e verificáveis", afirmou Lungescu.

Segundo o jornal britânico "The Independent", o regime de Kadafi propôs um cessar-fogo imediato no país - controlado pela ONU e a União Africana (UA) -, negociações incondicionais com a oposição, uma anistia para todas as partes e a elaboração de uma nova constituição.

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