Mundo

Os riscos de construir sobre lixões

Os problemas de construções realizadas sem as devidas precauções variam de acordo com o tipo de lixo depositado no terreno

sacolas plásticas em lixão a céu aberto (Getty Images)

sacolas plásticas em lixão a céu aberto (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2011 às 20h35.

São Paulo - A controvérsia em torno da interdição do Center Norte, shopping localizado na zona norte da capital do estado de São Paulo, por causa do vazamento de gás metano deixou a população em alerta. Afinal, é perigoso ou não construir sobre antigos lixões?

“Não, desde que todas as medidas de segurança sejam tomadas”. Quem explica isso é o professor Reinaldo Bazito, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo. De acordo com Bazito a análise de risco dos Passivos Ambientais é algo custoso e de extrema importância. O estudo é feito baseado nos riscos sobre o uso pretendido do imóvel. Cada análise é única, o que significa que o laudo realizado para um edifício comercial não poderá ser utilizado para outro residencial, mesmo que compartilhem terrenos vizinhos.

O professor afirma que os riscos de construções realizadas sem as devidas precauções variam de acordo com o tipo de lixo depositado no terreno. No caso de lixo doméstico, pode haver vazamento de gás metano, motivo da ordem de interdição do Shopping Center Norte. O metano não é tóxico, porém causa asfixia ao ocupar o mesmo lugar do oxigênio. Outro exemplo de gás produzido pela decomposição de lixo orgânico é o Ácido Sulfídrico, que além de provocar mau cheiro, pode causar danos à saúde de quem estiver exposto a ele. A instalação de canos para drenagem dos gases torna-se assim essencial. “A análise é um caminho demorado e custoso. Mas infelizmente existe quem escolhe o caminho mais barato e coloca a vida de pessoas em risco”, finalizou Bazito.

Entenda o caso

Na última terça-feira (27), o shopping Center Norte, a sua área para estacionamento, o Carrefour e o Lar Center, todos localizados na zona norte da cidade de São Paulo, foram interditados pelo Cetesb, Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental da Prefeitura de São Paulo. As construções, erguidas na década de 80 sobre a área de um lixão, podem ter seus funcionamentos suspensos, e ainda pagar uma multa de R$ 2 milhões por descumprimento do Artigo 62 da Lei de Crimes Ambientais.


Segundo a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), em decorrência do vazamento de gás metano proveniente do lixo presente no subsolo dos imóveis, a situação ficou crítica e agora há risco de ocorrer uma explosão. Em nota oficial, divulgada no mesmo dia do auto de interdição, o Center Norte afirmou discordar da medida implementada pela prefeitura, uma vez que tem cumprindo as exigências da Cetesb relativas a questão ambiental, por meio do monitoramento diário da área e das obras para a instalação de drenos para a exaustão do gás metano existente no solo.

Após conseguir uma liminar na 7ª Vara da Fazenda Pública, na quinta-feira, o shopping abriu normalmente hoje (30) pela manhã. Em sua decisão, o juiz Emílio Migliano Neto levou em conta as providências iniciadas pelos responsáveis para remediar a área. A liminar libera o funcionamento de todas as lojas do shopping, assim como do Lar Center e do Carrefour, sem qualquer restrição, e por tempo indeterminado. 

Acompanhe tudo sobre:LixoMeio ambienteShopping centers

Mais de Mundo

Brasil está confiante de que Trump respeitará acordos firmados na cúpula do G20

Controle do Congresso dos EUA continua no ar três dias depois das eleições

China reforça internacionalização de eletrodomésticos para crescimento global do setor

Xiaomi SU7 atinge recorde de vendas em outubro e lidera mercado de carros elétricos