Objetivo do trio de bilionários é conter o aquecimento global (NASA/Divulgação)
Rodrigo Caetano
Publicado em 21 de fevereiro de 2020 às 17h55.
Última atualização em 21 de fevereiro de 2020 às 20h46.
Eles têm muito dinheiro e estão preocupados com o futuro da humanidade. Por isso, Jeff Bezos, o fundador da Amazon, Bill Gates, fundador da Microsoft, e Marc Benioff, criador da Salesforce, donos de um patrimônio somado de 247 bilhões de dólares, querem usar seus recursos financeiros para tentar salvar o planeta do aquecimento global.
O trio de bilionários, todos da área de tecnologia, possui planos ambiciosos para reduzir as emissões de carbono. As abordagens são diferentes, mas o objetivo é o mesmo: conter o aumento da temperatura global a 2°C nas próximas décadas, meta estabelecida pelo Acordo de Paris.
Homem mais rico do mundo e dono de uma fortuna estimada em 130 bilhões de dólares, Bezos optou por doar 10 bilhões de dólares, cerca de 8% do seu dinheiro, para criar um fundo que vai financiar cientistas, ativistas e organizações não governamentais que atuam na área ambiental.
Bill Gates, que já ocupou o posto de homem mais rico do planeta e cuja fortuna chega a 110 bilhões, investe em uma tecnologia de geração nuclear que promete acabar com o domínio dos combustíveis fósseis no setor energético.
Dono da fortuna mais “modesta”, de 6,9 bilhões de dólares, Benioff, por sua vez, decidiu plantar árvores. Mas não apenas no quintal de casa. Seu plano é espalhar 1 trilhão de mudas pelo mundo.
Confira os planos de Bezos, Gates e Benioff para salvar o planeta:
Na segunda-feira, dia 17, Jeff Bezos anunciou a criação de um fundo de 10 bilhões de dólares para combater as mudanças climáticas. O homem mais rico do mundo pretende, a partir de julho, começar a distribuir grants, que são doações a fundo perdido, para cientistas, ativistas e ONGs que atuam na área ambiental.
A iniciativa de Bezos acontece meses depois que um grupo chamado AECJ (sigla em inglês para funcionários da Amazon pela justiça climática) deu início a uma série de protestos online, de forma anônima, exigindo que a empresa reduza sua pegada de carbono.
Ainda não está claro como, ou com quem, o bilionário irá gastar seu dinheiro. Segundo Bezos, o que ele busca são projetos que “ofereçam uma possibilidade real de preservar e proteger o mundo natural”.
O AECJ, no entanto, diz que, apesar da soma considerável, o esforço ainda é pequeno. O grupo exige, por exemplo, que a Amazon pare de financiar think-thanks ligados a estudos que negam o aquecimento global, como o Competitive Enterprise Institute, que defende a autorregulação ambiental.
A ideia do fundador da Microsoft é criar um novo tipo de reator nuclear capaz de eliminar a dependência global de combustíveis fósseis. Seus planos, no entanto, são afetados pela dificuldade em desenvolver a tecnologia e por problemas políticos.
Gates é o fundador da TerraPower, empresa que está desenvolvendo um reator chamado TWR (sigla em inglês para reator de ondas viajantes). A vantagem da tecnologia é que ela não depende apenas de urânio enriquecido para gerar energia. O TWR, na realidade, utiliza o próprio resíduo nuclear como combustível.
O urânio enriquecido entra somente no início do processo, para desencadear as reações atômicas. Dessa forma, ele praticamente não gera lixo nuclear. Além disso, o reator é menor e, teoricamente, mais seguro do que os convencionais.
A grande barreira para a adoção da tecnologia ainda é seu custo. Um reator do tipo demanda cerca de 3 bilhões de dólares para ser construído – valor alto até para Gates.
Em janeiro de 2019, Gates assinou um acordo promissor com o governo chinês, que estava disposto a ajudar no desenvolvimento do projeto. Mas as tensões comerciais entre China e Estados Unidos acabaram por inviabilizar a colaboração.
Durante o Fórum Econômico Mundial, realizado no final de janeiro em Davos, na Suíça, o fundador da empresa de softwares Salesforce anunciou que daria apoio financeiro à plataforma 1t.org, criada pela ONU, cujo objetivo é viabilizar o plantio de 1 trilhão de árvores até 2030.
Benioff não revelou de quanto será o apoio, mas a Salesforce se comprometeu a plantar 100 milhões de mudas, na próxima década. A ideia é, além de colaborar para atingir a meta da 1t.org, incentivar outras empresas a fazerem o mesmo.
Teoricamente, o plantio de árvores ajuda a reduzir a temperatura global do planeta. O plano de Benioff ganhou a simpatia do presidente americano Donald Trump que, durante seu discurso no fórum, endossou a ideia.
Ativistas ambientais, no entanto, se mostraram menos entusiasmados. “Claro que é bom plantar árvores, mas não substitui a necessidade de se adotar ações efetivas de mitigação das emissões e de restauração natural”, afirmou a jovem ativista Greta Thunberg, também durante o fórum de Davos, a respeito da iniciativa.