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Os escândalos que ameaçam o premier Netanyahu em Israel

Acusação do primeiro-ministro deve ser ocorrer nesta quarta; Netanyahu pode ser acusado oficialmente de corrupção, fraude e abuso de confiança

Benjamin Netanyahu: primeiro-ministro indicou que não renunciará se for acusado oficialmente, já que a lei não o obriga a tal (Kobi Wolf/Bloomberg)

Benjamin Netanyahu: primeiro-ministro indicou que não renunciará se for acusado oficialmente, já que a lei não o obriga a tal (Kobi Wolf/Bloomberg)

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AFP

Publicado em 2 de outubro de 2019 às 16h12.

Última atualização em 2 de outubro de 2019 às 16h19.

Os casos que afetam o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, vão desde aceitar "presentes" caros até tentativas de subornar diretores de veículos de comunicação para obter uma cobertura favorável a seu governo.

Nesta quarta-feira (2), o procurador-geral de Israel, Avichai Mandelblit, interroga os advogados do chefe de governo por três casos diferentes que aumentam a pressão sobre o futuro político de Netanyahu.

Após a audiência, Mandelblit decidirá se o primeiro-ministro será acusado oficialmente de corrupção, fraude e abuso de confiança.

Charutos e champanhe

No primeiro deles, também chamado de "caso 1000", Netanyahu e membros de sua família são suspeitos de terem recebido mais de 700.000 shekels (cerca de US$ 200 mil) em suborno de várias pessoas. Entre elas, estariam Arnon Milchan, um produtor israelense de Hollywood, e James Packer, um milionário australiano.

Estes subornos se materializaram na forma de charutos, garrafas de champanhe e joias, distribuídos entre 2007 e 2016, em troca de favores financeiros pessoais.

Netanyahu garante que apenas aceitou presentes de amigos, sem jamais tê-los pedido.

Mediagate

No "caso 2000", a polícia suspeita de que Netanyahu tentou chegar a um acordo com o proprietário do jornal "Yediot Aharonot", Arnon Moses, para obter uma cobertura mais favorável deste veículo israelense pago de grande circulação. O jornal é, com frequência, acusado de cobertura negativa pelo premiê.

Em troca, Netanyahu teria proposto a possibilidade de fazer votar um projeto de lei que limitaria a distribuição do "Israel Hayom", um jornal gratuito e principal concorrente do "Yediot Aharonot". Também proibiria sua publicação nos finais de semana.

A polícia se baseia no testemunho de Ari Harow, um ex-chefe de gabinete de Netanyahu, que aceitou dar seu depoimento em troca de maior leniência, se for processado.

Netanyahu garante que ele era o principal opositor à lei em questão e que até provocou as eleições antecipadas de 2015 para bloqueá-la.

O caso Bezeq

O "caso 4.000" se apresenta como o mais perigoso para Netanyahu. Os investigadores suspeitam de que o chefe de governo tenha tentado garantir uma cobertura favorável no meio de comunicação digital Walla. Em troca, teria concedido favores com milhões de dólares em benefícios para Shaul Elovitch, então chefe do principal grupo de telecomunicações israelense Bezeq e também do Walla.

No cerne da investigação, está a fusão entre Bezeq e o provedor de televisão por assinatura Yes, em 2015, que precisava do aval das agências reguladoras, quando Netanyahu estava à frente do Ministério das Comunicações.

Frente a estas acusações, Netanyahu alega que a fusão Bezeq-Yes foi validada pelo Ministério e pelas agências de controle como pertinente. Ele nega que o Walla lhe dê uma cobertura privilegiada.

O caso também atinge Elovitch e sua esposa, assim como a presidente da Bezeq à época. O procurador-geral decidiu encerrar "o caso 4000" no que diz respeito a Sara e a Yair Netanyahu, mulher e filho do premiê.

E depois?

O primeiro-ministro indicou que não renunciará se for acusado oficialmente, já que a lei não o obriga a tal. Se este cenário se concretizar, ele será, porém, o primeiro chefe de governo israelense nesta situação.

Netanyahu deverá deixar o cargo se for condenado e buscará esgotar todos os recursos judiciais para evitar a condenação. Este processo pode levar anos.

Neste momento, Netanyahu é premiê e foi encarregado pelo presidente de Israel de formar um novo governo, após as eleições legislativas de setembro. Parece a cada dia mais difícil que ele consiga o apoio necessário para obter a maioria que lhe permita seguir no cargo.

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