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Os cães proibidos na China e que podem levar seus donos para a Justiça

Por que ter raças como labrador, dálmata e pastor alemão virou crime no país e o que os lockdowns pela covid têm a ver com isso

Cachorros de porte médio e grande são proibidos em cidades como Pequim, na China (Getty Images/Getty Images)

Cachorros de porte médio e grande são proibidos em cidades como Pequim, na China (Getty Images/Getty Images)

CA

Carla Aranha

Publicado em 6 de maio de 2022 às 17h16.

Dálmata, labrador, buldogue inglês, pastor alemão, collie, mastim e akita: todas essas raças têm algo em comum na China. Banidas por excederem o tamanho máximo permitido de 35 centímetros de altura em cidades como Pequim, elas vêm encontrando retaliação crescente nos últimos meses. Com a nova onda de lockdowns por causa de aumento de casos de covid, cachorros de porte médio ou grande que escapam de casa sem seus donos têm sido sacrificados por representantes da força pública, segundo relatos do jornal britânico Financial Times.

Em meio às preocupações relativas a uma nova do coronavírus, os trabalhadores encarregados de policiar os moradores e impedir que saiam às ruas têm redobrado a vigilância também em relação aos animais domésticos. O temor é de que os pets, de alguma maneira, contribuam para a disseminação da doença. Com isso, a regra de não manter cachorros das raças ilegais na China ganhou atenção redobrada dos policiais. Caso seja pego em flagrante, o contraventor pode responder a um processo na Justiça. Além disso, o pet geralmente é sacrificado.

A política de vigilância dos animais domésticos teve início na década de 80, quando o governo decidiu investir fortemente no desenvolvimento das cidades. Logo veio uma preocupação maior com medidas de saneamento e saúde -- os cachorros acabaram entrando na lista de animais causadores de doenças, ao lado de galinhas, patos, gansos, coelhos, porcos e ovelhas. Mesmo assim, em cidades como Pequim, um conglomerado urbano de mais de 21,5 milhões de habitantes, as pessoas continuaram a manter cachorros em casa.

Para combater esse hábito, considerado uma herança burguesa, o governo chinês lançou uma licença anual de 740 dólares para pessoas que desejem manter um pet. Junto com a cobrança, foi criada a regra de que cada família pode ter apenas um animal de estimação. E, em grandes polos urbanos como a capital, entrou em vigor a proibição de manter cães de porte médio e grande. Na visão do governo, pets maiores nas ruas podem representar um risco maior de ataques a humanos e de propagação de doenças como a raiva.

O sistema de vigilância chinês, no qual tecnologias como o reconhecimento facial são amplamente utilizadas, permite que policiais acessem em tempo real informações como o endereço e hábitos de consumo do cidadão. Além disso, em caso de desobediência a regras da vida civil, as autoridades têm sinal verde para batidas policiais sem a necessidade de ordens judiciais. Nos últimos dias, vídeos compartilhados nas mídias sociais de cachorros de raças proibidas sendo espancados nas ruas por representantes das forças de segurança e saúde, responsáveis pelo combate à covid, têm ganho notoriedade. A lei, entretanto, não deverá mudar.

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