Nos últimos meses, autoridades dos EUA emitiram alertas para vários países e regiões por conta de diferentes instabilidades, como políticas e climáticas
Violência (Getty Images)
Gabriela Ruic
Publicado em 15 de setembro de 2014 às 11h48.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 15h03.
Atualmente, dezenas de países enfrentam situações de instabilidade. De olho nestas crises, o braço consular do Departamento de Estado dos EUA (U.S. Passports & International Travel) mantém em seu site uma lista atualizada na qual mostra quais locais do mundo apresentam os maiores perigos para suas populações e visitantes. A relação é baseada em avisos e alertas de viagem emitidos pelo departamento sempre que uma ameaça - como a iminência de uma guerra civil, ondas de violência urbana ou frequentes ataques terroristas - é detectada naquele momento em determinado país. As informações são dedicadas aos cidadãos americanos, mas podem ser aproveitadas por diferentes viajantes, turistas ou não. A lista atual conta com 41 lugares que foram incluídos primeira vez recentemente ou tiveram avisos anteriores atualizados nos últimos meses. A Ucrânia, que vive momentos de tensão com seus vizinhos russos, e o México, onde o governo há décadas luta contra o narcotráfico, são dois exemplos. Há ainda alertas para a região do Golfo do México e o Mar do Caribe por conta do início da temporada de furacões.
O departamento reconhece os esforços recentes do governo do México no combate ao crime organizado e o trabalho de proteção realizado nos locais mais populares entre os turistas. Contudo, a longa batalha entre as autoridades mexicanas e o narcotráfico continua a ser o motivo principal para a emissão do aviso de viagem. Segundo os americanos, é preciso estar atento para a violência com a qual agem as organizações criminosas e para os frequentes, e imprevisíveis, embates que acontecem com as forças policiais. As principais regiões que devem ser evitadas são os estados de Chihuahua, Colima e Durango. Na cidade de Acapulco, um dos maiores destinos do país, o alerta é que viajantes não se afastem das principais zonas turísticas.
A Venezuela é mais um dos países latinos a fazer parte da lista. Segundo o Departamento de Estado dos EUA, viajantes devem ficar de olhos abertos ao visitar Caracas, uma vez que, nos últimos meses, a cidade foi palco de manifestações violentas. Além disso, o departamento alerta para os riscos de homicídios e sequestros na capital venezuelana e no interior do país.
Números do Departamento de Estado dos EUA informam que, desde 2010, Honduras conta com um dos maiores índices de homicídio no mundo e é justamente a violência urbana o principal motivo da inclusão do pais na lista de avisos de viagem. Por lá, a dica é que sejam evitados passeios em praias desertas e outros locais isolados.
A situação nas Filipinas, segundo o departamento americano, não é nada agradável para os estrangeiros. Solicita-se especial atenção ao Arquipélago de Sulu, local onde o sequestro de turistas é frequente e a violência urbana é ligada às atividades de um grupo extremista atuante na região. A Ilha de Mindanao é outro lugar que deve ser evitado.
De acordo com as autoridades americanas, El Salvador passa por um momento no qual a violência urbana está aumentando, especialmente por conta da atividade criminosa de várias gangues que atuam no pequeno país de seis milhões de habitantes. O último aviso de viagem foi emitido em abril de 2014, mas em 2013 o país já fazia parte da lista dos mais perigosos.
Se na América Latina os riscos para os viajantes estão ligados à violência urbana, no Líbano os perigos são relacionados aos atos terroristas que acontecem com frequência no país. Apenas em junho deste ano, revelou o departamento, dois ataques ocorreram na região central de Beirute, capital libanesa. Mas a cautela deve ainda ser levada ao extremo em outras cidades, como Trípoli, por exemplo.
No Paquistão, os riscos ficam por conta da grande quantidade de extremistas baseados no país. “Alertas de ameaças indicam que grupos terroristas continuam a buscar por oportunidades de ataques em locais frequentados e visitados por cidadãos americanos e estrangeiros”, explicou o departamento.
O cenário de instabilidade política faz com que o Quênia esteja presente na lista dos mais perigosos. O departamento americano lembra recentes ataques terroristas para fundamentar a razão da emissão do aviso para o país. A zona litorânea queniana é a principal região a ser evitada. Em julho, 29 pessoas foram mortas na costa do país por atiradores ligados ao grupo extremista Al Shabaab. A capital, Nairóbi, também deve ser evitada, uma vez que ataques já atingiram locais de alta circulação de pessoas como, por exemplo, o maior shopping center local e o aeroporto.
A situação de violência em Lesoto é crítica. De acordo com as autoridades americanas, conflitos entre a polícia e as forças armadas são os principais responsáveis pelo clima de instabilidade. Há relatos de que policiais sequer estão usando uniformes por conta do medo de ataques por parte dos militares.
Em Serra Leoa, o temor das autoridades americanas está na epidemia do vírus Ebola que se alastra pelo país. O alto número de casos confirmados acabou por sobrecarregar o frágil sistema de saúde local, o que faz com que as opções de atendimento médico sejam muito restritas.
Os riscos de sequestro de estrangeiros e ataques terroristas no Iraque são altos, segundo a análise do governo americano. A violência é relacionada aos grupos insurgentes que atuam no país. Entre eles está o violento Estado Islâmico, que hoje controla a segunda maior cidade do Iraque, Mosul, e conta com um número indeterminado de reféns ocidentais que podem ser executados a qualquer momento. Neste final se semana, o grupo degolou o terceiro estrangeiro em poucas semanas, o britânico David Haines.
Atividade terrorista ligada ao grupo extremista Al Qaeda é uma das razões pelas quais a Arábia Saudita é parte da lista dos países mais perigosos. O departamento americano lembra que o maior ataque contra estrangeiros aconteceu nos idos de 2007, mas ameaças direcionadas aos ocidentais continuam a aparecer.
De acordo com o departamento americano, é frágil a situação da segurança e da saúde pública na Nigéria e há alertas de sequestros e ataques armados em diversos estados do país. Pede-se uma atenção especial aos arredores de qualquer local de grande circulação de pessoas. A principal ameaça em solo nigeriano é representada pelo grupo extremista Boko Haram, que já assumiu a responsabilidade por dezenas de atos terroristas na Nigéria e pelo sequestro de cerca de 200 meninas em uma escola particular no estado de Borno. Outro perigo esta na epidemia do vírus Ebola. Atualmente, autoridades nigerianas monitoram cerca de 200 pessoas suspeitas de terem contraído a doença.
Na Libéria, o principal perigo está na epidemia do vírus Ebola. De acordo com o departamento americano, o sistema de saúde do país é frágil e enfrenta dificuldades para atender o alto número de doentes que necessitam de tratamento.
O motivo da presença da Líbia na lista de mais perigosos é a fragilidade do atual governo. O departamento americano lembra que, após a revolução de 2011 que derrubou o regime de Muammar Kadhafi, o país não conseguiu ainda reconstruir as suas forças militares e policiais. Como consequência desta instabilidade, os índices de criminalidade na Líbia subiram. Estima-se que, atualmente, 250 mil pessoas tenham deixado seus lares por conta da presença de mílicias.
De acordo com o governo americano, vários grupos extremistas estão em atividade no país, como o Boko Haram e o Al-Qaeda. Em termos gerais, o principal alerta fica por conta da violência urbana na capital N’Djamena
No Sudão do Sul, forças do governo continuam a lutar contra rebeldes e este conflito já atingiu a capital Juba. A situação é, portanto, frágil. Razão pela qual o país consta na lista dos mais perigosos. Este cenário de instabilidade é ainda agravado pela pobreza extrema do país, que, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), vive a pior crise alimentar em todo o planeta.
O departamento americano explica que, em Djibuti, a principal ameaça está em atos terroristas como, por exemplo, operações suicidas, carros bomba e sequestros. Um dos principais grupos extremistas atuantes no país é o Al Shabaab, que já assumiu responsabilidade por ataques realizados em locais de alta circulação e sinalizou que irá continuar a fazê-los.
O departamento alerta que, no Irã, a principal ameaça no país é o próprio governo. De acordo com os americanos, a repressão contra diferentes grupos étnicos e minorias religiosas contribuem para um cenário de instabilidade em solo iraniano.
24/37(United Nation Relief and Works Agency via Getty Images)
Na Síria, a situação tensa entre as forças do governo e grupos opositores contribui para que o clima de instabilidade permaneça no país. Além disso, considera o departamento, o cenário pode se agravar por conta da presença de grupos extremistas e suas constantes ameaças de ataques. Para os americanos, nenhuma região do território sírio pode ser considerada segura, especialmente por conta de bombardeiros aéreos, sequestros e outros tipos de violência que têm acontecido em diferentes cidades.
A República Democrática do Congo também é alvo de aviso de perigo por parte dos americanos. E o motivo para tal é o fato de o país contar hoje com uma série de grupos armados espalhados por seu interior que realizam atos tendo como alvo a população civil. Estes bandos são conhecidos pela violência com a qual saqueiam vilarejos e há ainda relatos de estupros e sequestros durante estes ataques. A força policial do país também é alvo de preocupação. Foram registrados casos em que americanos foram irregularmente detidos por policiais e até roubados pelos mesmos. Pedidos de suborno também são frequentes.
No Sudão, as ameaças citadas pelo departamento americano estão em grupos extremistas que agem no país, apesar dos esforços do governo sudanês em neutralizá-los. São grandes os riscos de ataques terroristas em locais de alta circulação de pessoas e é possível que, nestes episódios, os estrangeiros sejam o alvo principal.
Os perigos neste país estão ligados ao grupo islâmico somali Al Shabaab. Isto porque, segundo o departamento, o Burundi participou ativamente em operações de paz na Somália, o que acabou por chamar a atenção dos fundamentalistas, que já ameaçaram atacá-lo.
A atuação de grupos extremistas é o principal motivo da inclusão do país africano na lista dos lugares mais perigosos. Neste ano, um grande ataque realizado por fundamentalistas islâmicos atingiu uma base militar e uma mina de extração de urânio. No ato, 18 militares foram mortos e 13 funcionários da empresa nuclear francesa que administra a mina ficaram feridos.
O principal grupo extremista em atividade no país é o Al-Qaeda do Magreb Islâmico (AQMI) e, de acordo com o departamento americano, os ataques realizados por estes jihadistas têm como alvo os estrangeiros. As autoridades americanas lembram ainda que são frequentes os sequestros de turistas, voluntários e membros das forças militares da Mauritânia e que muitos destes episódios terminam com mortes.
A infraestrutura do país é o principal motivo para a inclusão do Haiti na lista dos mais perigosos. O departamento americano lembra que situações de emergência não são respondidas com eficiência pelo governo e que o sistema de saúde haitiano é muito frágil. Em circunstâncias extremas, portanto, o atendimento da população local e de estrangeiros não é adequado.
A situação é tensa na Somália. O governo americano lembra que sequer conta com representação diplomática no país. Grupos extremistas, especialmente o Al Shabaab, têm realizado ataques mirando autoridades do governo somali, mas estão também buscando atingir civis. Homicídios, sequestros e ataques terroristas são comuns e representam ameaças não apenas para os cidadãos americanos, mas para pessoas de todas as nacionalidades.
Na Eritreia, os estrangeiros devem obter uma série de autorizações para transitar e também para deixar o país, explica o departamento americano. E este fato que faz com que estas pessoas sejam alvo fácil de autoridades corruptas. Existem, inclusive, relatos de turistas que foram detidos no país, pois tiveram o sua permissão de saída negada pelo governo. Outro problema é o fato de que, desde 2012, o país vem armando cidadãos com o objetivo de formar milícias urbanas. E são estes os responsáveis pela realização de patrulhas noturnas e pela verificação dos documentos de transeuntes.
34. Israel, Faixa de Gaza e Cisjordâniazoom_out_map
34/37(Getty Images)
A região é mais uma que é alvo de aviso por parte do governo americano, pois conflitos recentes atingiram diversas cidades espalhadas pelos três territórios e a situação é de instabilidade. Se a viagem for inevitável, a sugestão é que a pessoa se informe acerca da localização de abrigos antimíssil.
A situação na Rússia também está no radar do governo dos EUA e, por este motivo, foi emitido um alerta de perigo para os locais próximos ao território ucraniano, como, por exemplo, a região de Voronej, cuja capital, também chamada Voronej, é considerada o maior centro financeiro do país. De acordo com o departamento americano, a situação nestes é “imprevisível e pode mudar rapidamente”.
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