Mundo

Os 10 países do mundo mais dependentes de energia nuclear

França, Eslováquia e Ucrânia lideram a lista; o país governado por Emmanuel Macron, sozinho, possui 56 reatores ativos

Publicado em 26 de novembro de 2024 às 15h19.

A energia nuclear, marcada por altos e baixos desde o início do seu uso comercial nos anos de 1950, voltou a ganhar atenção devido ao avanço da Inteligência Artificial (IA). Grandes empresas de tecnologia como Amazon, Microsoft e Google estão investindo nessa matriz energética para atender à demanda crescente por energia confiável e de baixa emissão de carbono para garantir o funcionamento de seus data centers.

Com ascensão nos anos de 1970, ela ganhou destaque como alternativa aos combustíveis fósseis, especialmente após a crise do petróleo em 1973. Países como França, Eslováquia e Ucrânia apostaram fortemente nessa matriz, que hoje responde por uma parte significativa de sua geração de energia. No entanto, preocupações com acidentes, como os de Chernobyl e Fukushima, e com o descarte de resíduos nucleares reduziram o ritmo de expansão no século XXI.

33 anos depois do acidente nuclear, veja como está Chernobyl na vida real

Abaixo, estão os 10 países do mundo mais dependentes de energia nuclear dentro da sua matriz energética de acordo com a Associação Mundial Nuclear, responsável por compilar dados sobre este setor, incluindo informações sobre como os países a utilizam com o objetivo de manter especialistas e organizações interessadas atualizadas sobre o tema.

1 - França

O país europeu é o mais dependente deste tipo de energia no mundo. Usada em larga escala desde os anos de 1970, o investimento massivo neste tipo de matriz energética aconteceu após a crise do petróleo de 1973. Atualmente, a França possui 56 reatores nucleares e em 2023, eles eram responsáveis por gerar 65% de toda a energia consumida pela população francesa, segundo o site Ember Climate, que compila dados sobre matrizes energéticas ao redor do mundo.

Por conta desse contexto, a França é o país do G20 com a produção de energia mais limpa entre os membros do grupo em decorrência da baixa emissão de carbono da energia nuclear. No entanto, levando em conta cadeia produtiva, ela também é altamente poluente.

2 - Eslováquia

Localizada na parte central da Europa, o país de 5,4 milhões de habitantes possui atualmente cinco reatores nucleares em funcionamento e mais um em construção, sendo que essa matriz energética começou a ser usada em 1972. Atualmente, é a principal fonte de energia do país, correspondendo a 52% de toda a produção energética, seguida por hidrelétrica (15%), gás natural (15%), carvão (7%), biocombustíveis (7%) e solar.

3 - Ucrânia

Atualmente, 55% da energia consumida pela população ucraniana é produzida por meio dos 15 reatores  nucleares do país. Como ex-membro da União Soviética até 1991, uma parte significativa da tecnologia usada ainda é de origem russa.

Mesmo com essa ligação, a situação mudou a partir do início da guerra contra Rússia em fevereiro de 2022. Logo no início do conflito, a Ucrânia desconectou sua rede elétrica da Bielorrússia e da Rússia e solicitou sincronização de emergência com a rede europeia. Desde então, o governo Putin tem visto como alvo a infraestrutura civil do país vizinho e faz ataques ao seu sistema de energia nuclear.

4 - Hungria

O país do leste europeu mantém há pelo menos 10 anos, quatro reatores nucleares em operação. O primeiro deles começou a operar em 1982 e juntos, foram responsáveis pela produção de 44% de toda energia do país em 2021, seguida por gás natural (27%), solar (11%) e carvão (9%).

5 - Bulgária

Em 2023, 40,4% da energia búlgara era proveniente dos seus dois reatores nucleares. Desde 1974, quando a primeira usina foi colocada em funcionamento, outras quatro foram fechadas. Mesmo assim, o país segue com planos para esse tipo de matriz energética, tanto que em março de 2024, o parlamento ratificou um acordo de cooperação com os EUA referente à construção de Westinghouse AP1000s, um reator nuclear de água pressurizada (PWR) que utiliza um sistema de segurança passivo, considerado o mais avançado, seguro e econômico para as usinas Kozloduy 7 e 8.

6 - Bélgica

Com reatores nucleares ativos desde 1974, o país possui cinco usinas ativas e juntas elas produziram 41,2% da energia nuclear usada pelos belgas em 2023. Mesmo com apoio relativamente baixo à expansão dessa matriz energética no país que já teve outras três usinas fechadas, os planos de fechar todas as que estão em operação até 2025 foi postergado por 10 anos e as plantas Doel 4 e Tihange 3 estão autorizadas a seguir operando até 2035.

7 - Eslovênia

A única usina nuclear do país é a de Krško, compartilhada com a Croácia desde 1981. Sozinha, ela gerou 36,8% da energia utilizada na Eslovênia em 2023, uma ligeira diminuição em comparação com 2022, que foi de 41%. Outras matrizes energéticas utilizadas pelos eslovenos são: hidroelétrica (25%), carvão (24%) e solar (4%).

8 - República Tcheca

Os seis reatores nucleares em operação foram construídos ao longo de 39 anos, desde que o primeiro começou a funcionar em 1989. Mesmo que em 2023 40% da energia consumida tenha sido proveniente desta matriz energética, a principal fonte usada pelos tchecos ainda é o carvão, segundo dados da Associação Mundial Nuclear que mostra que ele foi responsável por 44% de toda a geração elétrica de 2022.

Outras fontes de energia do país são: gás natural, biocombustíveis e energia hidrelétrica.

9 - Armênia

Com duas usinas nucleares na sua história, uma delas ainda em funcionamento e outra fechada, o país da Ásia Ocidental começou a usar esse tipo de energia em 1976. Em 2023, ela representou 31,1% do consumo local.

Metsamor fica na cidade que tem o mesmo nome, a 35 quilômetros da capital Yerevan, e foi construída na mesma época que Chernobyl, na Ucrânia. Sua localização é considerada de risco, por conta dos terremotos da região, mas após ser fechada em 1988 por conta dos tremores, foi reaberta em 1995.

10 - Finlândia

O consumo de energia nuclear cresceu na Finlândia entre 2022 e 2023. Enquanto dois anos atrás essa porcentagem era de 35%, em 2023 subiu para 42%, valor advindo da produção dos cinco reatores nucleares do país.

Pensando na cadeia completa de produção, o programa de gerenciamento de resíduos nucleares da Finlândia foi iniciado em 1983. A Posiva Oy foi então criada como uma empresa de joint venture TVO - Fortum. O descomissionamento do reator é de responsabilidade das duas empresas de energia separadamente, e os planos são atualizados a cada cinco anos. A responsabilidade pelos resíduos nucleares permanece com as empresas de energia até seu descarte final.

Acompanhe tudo sobre:Energia nuclearEuropaÁsia

Mais de Mundo

Ministro alemão adverte para riscos de não selar acordo entre UE e Mercosul

Israel ataca centro de Beirute em meio a expectativas de cessar-fogo no Líbano

Rússia expulsa diplomata britânico por atividades de espionagem

Presidente do México alerta Trump que imposição de tarifas não impedirá migração e drogas nos EUA