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Expulsa da Nicarágua, missão da ONU fará acompanhamento remoto da crise

Expulsão promulgada pelo Presidente da Nicarágua foi após denuncia em relatório da ONU do "alto grau de repressão dos protestos contra o Governo"

Presidente Daniel Ortega: Governo da Nicarágua enfrenta desde abril passado uma onda de protestos que já deixaram centenas de mortos (Jorge Cabrera/Reuters)

Presidente Daniel Ortega: Governo da Nicarágua enfrenta desde abril passado uma onda de protestos que já deixaram centenas de mortos (Jorge Cabrera/Reuters)

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EFE

Publicado em 31 de agosto de 2018 às 14h33.

Última atualização em 31 de agosto de 2018 às 16h31.

Manágua - O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) anunciou nesta sexta-feira que fará um acompanhamento remoto da situação na Nicarágua após a missão enviada ao país ter sido expulsa pelo presidente Daniel Ortega.

"A ACNUDH continuará com o trabalho de monitorar e informar sobre a situação de direitos humanos na Nicarágua de forma remota, em conformidade com o mandato global conferido pela Assembleia Geral da ONU ao Escritório do Alto Comissário", afirmou o órgão em nota.

O governo da Nicarágua decidiu expulsar a missão da ACNUDH ontem, mas a confirmação da decisão só veio hoje após uma denúncia do Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh).

A missão da ACNUDH, coordenada pelo peruano Guillermo Fernández Maldonado, chegou à Nicarágua em julho para acompanhar a crise que abala o país e que deixou, segundo relatório divulgado na quarta-feira pela equipe enviada ao país, mais de 300 mortos.

O documento questiona o governo pelo "uso desproporcional" da força por parte da polícia contra opositores e afirma que isso se traduziu em "execuções extrajudiciais, desaparecimentos forçados e obstrução ao acesso à atendimento médico".

Além disso, a Nicarágua foi acusada de promover "prisões arbitrárias ou ilegais com caráter generalizado, frequentes maus tratos, casos de tortura e violência sexual nas prisões, violações às liberdades de reunião pacífica e expressão".

Ortega já tinha criticado o relatório por considerá-lo subjetivo, enviesado e notoriamente parcial. Segundo ele, os integrantes da missão da ONU foram influenciados por setores da oposição e não tiveram objetividade ao escrever o documento.

A ACNUDH disse na nota que continuará prestando apoio às vítimas e aos seus familiares. E reiterou ao governo da Nicarágua a disposição de ajudar as autoridades a cumprir as obrigações internacionais assumidas pelo país em relação aos direitos humanos.

"Seguiremos cooperando de perto com as organizações regionais de direitos humanos e com a comunidade internacional", disse a ACNUDH.

A organização também pediu que o governo da Nicarágua siga as recomendações do relatório que basicamente sugerem a suspensão de todas as violações aos direitos humanos no país.

Os protestos contra o governo começaram em abril. Inicialmente, os manifestantes queriam bloquear uma reforma previdenciária proposta pelo presidente. No entanto, o movimento cresceu e passou a pedir a renúncia de Ortega após a forte repressão policial.

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