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Ortega diz querer "fortalecer" diálogo na Nicarágua e busca incluir a ONU

País atravessa onda de protestos antigoverno que já dura mais de três meses e já custou a vida de quase 300 pessoas, segundo grupos de direitos humanos

Daniel Ortega: opositores exigem a renúncia do presidente, a quem acusam de fraudar eleições, controlar a mídia, manipular a justiça e querer instaurar uma "ditadura familiar" (Jorge Cabrera/Reuters)

Daniel Ortega: opositores exigem a renúncia do presidente, a quem acusam de fraudar eleições, controlar a mídia, manipular a justiça e querer instaurar uma "ditadura familiar" (Jorge Cabrera/Reuters)

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Reuters

Publicado em 30 de julho de 2018 às 16h49.

Manágua - O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, quer "fortalecer" o debilitado processo de diálogo com a oposição incluindo a Organização das Nações Unidas (ONU) e outros organismos internacionais com a meta de superar a crise política que o país vive, disse o mandatário em uma entrevista à rede CNN en Español.

A Nicarágua atravessa uma onda de protestos antigoverno que já dura mais de três meses e já custou a vida de quase 300 pessoas, segundo grupos de direitos humanos.

Buscando amenizar a pior crise desde que reconquistou a Presidência em 2007, o ex-guerrilheiro da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) iniciou um processo de diálogo mediado pela Igreja Católica, mas que naufragou pouco depois diante de sua negativa de aceitar renunciar.

"Fizemos contato com o secretário-geral das Nações Unidas (António Guterres), com diferentes organismos internacionais e com o cardeal (da Nicarágua, Leopoldo) Brenes", disse Ortega em um trecho adiantado da entrevista que concedeu à CNN en Español no final de semana e que será transmitida na íntegra na noite desta segunda-feira.

"Vamos buscar criar as condições para fortalecer a comissão de diálogo e que isto nos ajude a ter bons resultados", acrescentou.

Ortega, que foi comparado com Anastasio Somoza, o brutal ditador que depôs em 1979, garantiu que o número de mortos durante os 100 dias de protestos é de 195, muito abaixo do quase 300 reportados pelo Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh) ou os 485 registrados pela Associação Nicaraguense Pró-Direitos Humanos (ANPDH).

"Os organismos de direitos humanos que vieram aqui (...) fazem visita de médico e caem em cima de nós", queixou-se durante a entrevista ao jornalista Andrés Oppenheimer. "Estão politizados, têm uma política sistemática contra o governo e colocam gente para fazer denúncias, inventam qualquer coisa."

Um plano de Ortega para reduzir os benefícios dos aposentados provocou as manifestações em meados de abril. O governo recuou da medida pouco depois, mas sua reação severa aos protestos criou mais turbulências, motivadas pela rejeição à gestão do líder de esquerda.

Os opositores exigem a renúncia de Ortega, a quem acusam de fraudar eleições, controlar a mídia, manipular a justiça e querer instaurar uma "ditadura familiar" junto com sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo.

O casal presidencial negou as acusações e argumenta que as manifestações que pedem sua saída são financiadas pelos Estados Unidos.

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