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Orlando Silva: UNE, comunismo e o escândalo da tapioca

Conheça a trajetória do ministro do Esporte, acusado de corrupção

Orlando Silva e  esposa Ana Cristina: o nome é homenagem ao "cantor da multidões" (Divulgação/Contigo)

Orlando Silva e esposa Ana Cristina: o nome é homenagem ao "cantor da multidões" (Divulgação/Contigo)

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Da Redação

Publicado em 18 de outubro de 2011 às 16h23.

São Paulo – Orlando Silva, 40 anos, é ministro do Esporte desde maio de 2006, mas ficou nacionalmente conhecido apenas em 2008, quando vazou a informação de que comprara uma tapioca em Brasília com o cartão corporativo do órgão.

Na ocasião, o ministro disse que o pagamento de R$ 8,30 foi um engano e anunciou a devolução do dinheiro. A regra dos cartões corporativos só permite a sua utilização em viagens a trabalho fora da capital federal.

"Por um engano do uso do cartão pessoal, utilizei o cartão aqui em Brasília, o que não pode ocorrer porque o cartão não pode ser usado em Brasília. Houve o recolhimento de R$ 8,30. Muito antes de qualquer notícia sobre esse assunto, no dia 29 de dezembro de 2007 foi feito o recolhimento. Aliás, me causou estranheza que as notícias ocultaram o recolhimento", afirmou.

A tapioca, no entanto, era apenas um dos itens polêmicos que envolveram Orlando Silva. Houve questionamentos sobre refeições e diárias de hotéis pagas com o cartão corporativo, inclusive para seus familiares. Após as denúncias, o ministro do Esporte anunciou a devolução de 30 mil reais aos cofres públicos, inclusive de gastos que estariam dentro da lei.

Casado com a atriz Ana Cristina Petta, com quem tem uma filha, o soteropolitano Orlando Silva de Jesus Júnior começou a sua carreira política na presidência da União Nacional dos Estudantes (UNE), entre 1995 e 1997. Quando venceu a eleição estudantil (derrotou sete adversários), Orlando Silva tinha 24 anos, já era filiado ao PCdoB (desde 1988) e cursava direito na Universidade Católica de Salvador.


Naquela época, a UNE era dominada por comunistas que lutavam contra o Exame Nacional de Cursos, conhecido como Provão, criado pelo governo Fernando Henrique Cardoso. “O Provão não prova nada”, era o slogan preferido dos dirigentes.

Logo no primeiro dia após a posse na UNE, o jovem Orlando Silva criticou o então ministro do Planejamento, José Serra, que fora presidente da entidade de 1963 a 1964, quando o prédio dos estudantes foi invadido e incendiado pelos militares. “Ele (Serra) retrocedeu, mudou para pior. Hoje compactua com os interesses dos que queimaram a UNE”, afirmou Silva, em junho de 1995.

Foi ainda presidente da União da Juventude Socialista (UJS) de 1998 a 2001 e representante da Federação Mundial das Juventudes Democráticas (FMJD), entidade que reúne organizações juvenis de todos os continentes, de 1999 a 2001. Atualmente é membro do Conselho Nacional de Juventude.

No governo Lula, antes de se tornar ministro, foi secretário Nacional de Esporte, secretário Nacional de Esporte Educacional e secretário-executivo do Ministério do Esporte na gestão de Agnelo Queiroz.

Com a escolha do Brasil para sediar a Copa do Mundo, em 2014, e os Jogos Olímpicos, em 2016, a pasta do Esporte ficou mais importante e cobiçada. Considerado “cota” do ex-presidente Lula, Orlando Silva foi mantido no governo Dilma.

Acusado de envolvimento de desvio de recursos públicos – teria recebido dinheiro na garagem do ministério, segundos seus denunciantes, Orlando Silva se diz inocente e promete processar o “desqualificado e delinquente que fez as declarações sem provas”.

Os internautas mais experientes facilmente associam o nome do ministro ao famoso cantor carioca que fez muito sucesso na primeira meta do século passado. Não é mera coincidência. O ministro herdou do pai, um comerciante, o nome dado pela avó em homenagem ao “cantor das multidões”, Orlando Silva.

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