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Opositores ao casamento homossexual voltam a tomar as ruas

Adoção de menores por casamentos homossexuais, contemplada na lei e aprovada pelo Conselho Constitucional, é um dos pontos que mais inquietam seus opositores

Manifestantes em Paris:  terceiro grande protesto deste tipo reuniu 150 mil pessoas, segundo a polícia (Reuters)

Manifestantes em Paris: terceiro grande protesto deste tipo reuniu 150 mil pessoas, segundo a polícia (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 26 de maio de 2013 às 15h52.

Paris - Os opositores ao casamento homossexual voltaram neste domingo a tomar as ruas de Paris na primeira grande manifestação convocada depois de o presidente da França, o socialista François Hollande, sancionar a lei que autoriza pessoas do mesmo sexo a se casarem e a adotarem crianças.

O terceiro grande protesto deste tipo - do qual participaram 150 mil pessoas, segundo a polícia, e 'mais de um milhão', segundo os organizadores - foi monitorado por 4.500 agentes, devido à radicalização das últimas manifestações contra a autorização do casamento gay na França.

O único incidente da jornada não aconteceu na esplanada dos Inválidos, onde convergiram as manifestações iniciadas em três pontos da capital, mas na sede do Partido Socialista (PS), em Paris.

Cerca de 20 membros de um grupo de extrema direita entraram na sede do partido de Hollande e hastearam no telhado uma bandeira na qual se podia ler: 'Hollande, renúncia'. Eles foram retirados pela polícia, e o incidente não ganhou contornos maiores.

O resto da jornada, que coincidia com o Dia das Mães na França, ocorreu em um ambiente que o deputado Henri Guaino, do partido opositor União por um Movimento Popular (UMP) e próximo ao ex-presidente Nicolas Sarkozy, descreveu, presencialmente, como 'familiar, pacífico e paternal'.

Também foi às ruas o líder da oposição conservadora, Jean-François Copé, que criticou as 'inaceitáveis tentativas de pressão e de intimidação' do primeiro-ministro, Jean-Marc Ayrault, que ontem tinha acusado a UMP de contribuir para a 'radicalização' ao apoiar os manifestantes.

Copé, presidente da UMP, prometeu que, caso seu partido ganhe as eleições presidenciais de 2017, realizará um referendo sobre essa lei, aprovada pela maioria de esquerda da Assembleia Nacional e no Senado.

Philippe, um manifestante que veio de Biarritz, no sudoeste da França, e estava agarrado a uma bandeira basca, afirmou à Agência Efe que espera 'que um dia haja um referendo ou que a lei seja derrubada antes'.


Cartazes, músicas e bandeiras marcaram o tom geral do protesto. No palco, palestrantes disseram não ser nem homofóbícos ou de extrema direita e, em meio a músicas contra o governo e Hollande, insistiram sobre o problema de filiação entre um menor adotado e duas mulheres ou dois homens.

'Queremos defender absolutamente a lei da família e da filiação, porque uma criança é o resultado único da união entre um homem e uma mulher', explicou à Efe Laure de Cotte, uma manifestante que declarou que 'é preciso defender as coisas normais, e não normalizar as que estão fora do circuito e são um pouco contra a natureza'.

A adoção de menores por casamentos homossexuais, contemplada na lei e aprovada pelo Conselho Constitucional, é um dos pontos que mais inquietam seus opositores.

A grande ausência neste domingo foi a da humorista Frigide Barjot, símbolo do protesto, que não compareceu porque diz temer por sua segurança, embora tenha passado o dia atendendo a vários veículos de imprensa.

Embora os manifestantes insistam em dizer que exercem um direito constitucional e que pretendem continuar com os protestos, uma pesquisa divulgada hoje mostra que 78% dos franceses acham que as manifestações deveriam terminar, uma vez sancionada a lei. 

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