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Opositor russo Alexei Navalny relata sua difícil volta à vida

"Vou contar para vocês como está minha recuperação. Não há mais obstáculos no meu caminho, mas ainda será longo", escreveu o opositor de Putin no Instagram

Navalny: até "recentemente", adversário de Putin não reconhecia ninguém (Vladimir Gerdo/Getty Images)

Navalny: até "recentemente", adversário de Putin não reconhecia ninguém (Vladimir Gerdo/Getty Images)

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AFP

Publicado em 19 de setembro de 2020 às 19h01.

O adversário russo Alexei Navalny voltou a falar, neste sábado (19), sobre sua convalescença e sobre sua luta para reaprender a se expressar e a andar, em seu tratamento no hospital alemão, após ser envenenado com um agente nervoso.

"Vou contar para vocês como está minha recuperação. Não há mais obstáculos no meu caminho, mas ainda será longo", escreveu ele em mensagem no Instagram, acompanhada de uma foto que o mostra descendo uma escada.

"Meus problemas atuais - como o fato de que um telefone é tão inútil quanto uma pedra em minhas mãos - são apenas bobagens", escreveu ele.

Navalny, de 44 anos, diz que, até "recentemente", não reconhecia ninguém e não conseguia responder ao médico que vinha ajudá-lo a reaprender a se expressar todas as manhãs.

"Ficava desesperado, porque entendia o que o médico queria, mas não sabia onde encontrar as palavras", descreve Navalny.

"Agora sou um cara que tem as pernas que tremem quando sobe as escadas", mas que diz para si mesmo "aqui é uma escada. Usamos para subir, mas é melhor você achar um elevador", brincou.

"Antes eu teria parado, olhando com cara de bobo" para a escada, acrescentou o adversário do presidente Vladimir Putin.

Na mensagem, ele agradeceu aos médicos por tê-lo feito passar de um "homem tecnicamente vivo" para uma pessoa que tem "todas as possibilidades" de voltar a usar adequadamente o aplicativo Instagram.

Sem investigação na Rússia

Oponente número um do Kremlin, vítima de uma tentativa de envenenamento em 20 de agosto na Sibéria - segundo seus associados -, Navalny publicou uma primeira mensagem na última terça-feira, dizendo que conseguia respirar sem a ajuda de aparelhos.

Respirar "me encantou, é um procedimento surpreendente e subestimado por muitos. Recomendo", afirmou, com bom humor, publicando uma foto no leito do hospital, cercado pela mulher e filhos.

Em 3 de setembro passado, um laboratório militar alemão concluiu que ele foi envenenado por uma substância do tipo Novitchok, concebida para fins militares na época soviética. Laboratórios franceses e suecos confirmaram as conclusões alemãs. Moscou nega qualquer envolvimento nesse caso.

Até o momento, as autoridades russas não abriram uma investigação sobre o caso, apesar dos apelos e das ameaças de sanções europeias.

"Infelizmente estamos limitados em nossa capacidade de realizar qualquer tipo de investigação. Parece que os objetos foram liquidados, retirados da Rússia, e não podemos acessar as análises feitas na Alemanha", disse o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, referindo-se a objetos retirados do local do suposto envenenamento por parte da equipe do próprio Navalny.

Os apoiadores de Navalny publicaram um vídeo, explicando que o agente nervoso do tipo Novichok, identificado na Alemanha como o veneno utilizado contra o rival de Putin, foi detectado em uma garrafa encontrada em seu quarto de hotel em Tomsk (Sibéria), no dia dos eventos.

Segundo eles, a garrafa e outras provas foram levadas para a Alemanha, por estarem convencidos de que as autoridades russas não iriam investigar o caso.

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