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Opositor cubano vai manter greve de fome

Greve continua até que o governo abra uma investigação "imparcial" sobre a morte do dissidente Juan Wilfredo Soto

 O protesto "ocorrerá até as últimas consequências" e que "apenas aceitará negociar com o governo em igualdade de condições" (Arquivo/AFP)

O protesto "ocorrerá até as últimas consequências" e que "apenas aceitará negociar com o governo em igualdade de condições" (Arquivo/AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de junho de 2011 às 16h04.

O opositor cubano Guillermo Fariñas, Premio Sakharov 2010, afirmou neste sábado que insistirá na greve de fome iniciada na sexta-feira até que o governo abra uma investigação "imparcial" sobre a morte do dissidente Juan Wilfredo Soto.

"Eles têm que abrir uma investigação e averiguar, porque são eles os que têm os meios e foram eles que espancaram Soto", disse Fariñas, de 49 anos, por telefone, em Santa Clara, cidade localizada a 280 km a leste de Havana.

O jornalista, que ainda padece das sequelas da greve de fome de 135 dias que protagonizou em 2010 para exigir a libertação de presos políticos, assegurou que o protesto "ocorrerá até as últimas consequências" e que "apenas aceitará negociar com o governo em igualdade de condições".

Soto faleceu no dia 8 de maio aos 46 anos em um hospital de Santa Clara, três dias depois de ter sido brevemente detido e, segundo a oposição, como consequência de um "espancamento" da polícia em um parque central da cidade.

As autoridades dizem que ele foi detido por "alteração da ordem" e afirmaram a seus familiares, entre eles sua irmã Rosa Soto, que ele morreu por uma pacreatite crônica e que nunca foi agredido pela polícia.

A dissidência afirma, no entanto, que o espancamento pode ter sido o detonador da pancreatite e pediu que médicos forenses - que não fossem empregados do governo - comprovassem o diagnóstico divulgado.

Membros da dissidência dizem que Soto, único opositor da sua família, lhes contou pouco depois de sua breve detenção no dia 5 de maio que havia sido espancado pela polícia.

Fariñas destacou que em Santa Clara "há cerca de 30 pessoas que são testemunhas do que ele contou sobre o que lhe fizeram e não foi aberta uma investigação e nem vieram nos perguntar nada".

"Além disso, os familiares de Soto têm sido pressionados para que não contem a verdade", disse Fariñas, que diz ter visto o cadáver e que este tinha hematomas na região lombar.

O governo considera Fariñas e os demais opositores "mercenários" a serviço dos Estados Unidos e diz que o caso de Soto é parte de uma campanha contra a ilha.

"É responsabilidade do governo o que pode me acontecer", disse Fariñas ao enfatizar que é possível que ele continue seu protesto na casa de outro opositor em Santa Clara, pois sua família e em particular sua mãe não apoiam seu protesto e "estão desesperados".

Fariñas iniciou em fevereiro de 2010 uma greve de fome para exigir a liberação de prisioneiros e em protesto pela morte do preso opositor Orlando Zapata após um jejum por melhoras carcerárias.

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