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Oposição volta às ruas na Venezuela por liberdade de expressão

Oposição quer intensificar ainda mais os protestos contra Nicolás Maduro

Oposicionistas marcham em protesto contra Nicolás Maduro em Caracas, na Venezuela - 27/05/2017 (REUTERS/Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Oposicionistas marcham em protesto contra Nicolás Maduro em Caracas, na Venezuela - 27/05/2017 (REUTERS/Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

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AFP

Publicado em 27 de maio de 2017 às 16h50.

Sem se dobrar, a oposição venezuelana voltou neste sábado às ruas de Caracas para protestar contra o presidente Nicolás Maduro, levantando a bandeira da liberdade de expressão, 10 anos depois do fechamento de uma emblemática emissora.

Aos 57 dias de protestos violentos, que deixaram 58 mortos, a oposição prevê intensificar a pressão contra o governo com novas mobilizações a partir da segunda-feira.

O fechamento da emissora RCTV por decisão do governo do falecido Hugo Chávez foi um "golpe atroz contra a liberdade de expressão", disse Julio Borges, presidente do Parlamento, ao convocar a marcha neste sábado.

Com uma linha editorial contrária ao presidente socialista, a RCTV, fundada em 1953, era a emissora aberta de maior tradição e inserção na Venezuela.

Funcionários de alto escalão defenderam em 2007 a negativa de renovar a licença de operação da RCTV com uma política de "democratização" as telecomunicações. A emissora estatal TVES a substitui desde então.

"Ninguém sabe de nada. Temos que nos informar pelo Facebook e pelas redes sociais, pela Internet, por canais internacionais. E também tiraram a CNN do ar", reclamou Matilde Quintero, aposentada, que marchava em Caracas com um boné com as cores de seu país: vermelha, azul e amarela.

O sinal da CNN em espanhol foi tirado do ar por operadoras a cabo venezuelanas por ordem do governo de Maduro, que acusa a emissora americana de "propaganda de guerra".

Segundo o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP), o fechamento da RCTV abriu o caminho para uma "política de censura e autocensura" em meios de comunicação privados.

Enquanto a mobilização opositora avançava, jovens com rostos cobertos bloquearam com caminhões a principal estrada da capital.

Na sexta-feira, manifestações em Caracas e em outras cidades foram reprimidas com bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e jatos de água. A oposição pediu à Força Armada que pare com a "repressão" e retire seu apoio a Maduro.

Governo e oposição se culpam pela violência. Maduro denuncia que seus adversários promovem "atos de terrorismo", enquanto estes o responsabilizam por uma "repressão selvagem" de militares e policiais.

Os protestos, que exigem eleições gerais, ganharam força com o chamado de Maduro a uma Assembleia Constituinte com votações por "setores sociais", o que analistas e opositores consideram uma manobra do presidente para evitar o voto universal e se manter no poder.

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