Nicolás Maduro, presidente da Venezuela (Pedro Rances Mattey/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 27 de agosto de 2024 às 14h15.
Última atualização em 27 de agosto de 2024 às 14h35.
A principal coalizão opositora da Venezuela denunciou nesta terça-feira "perseguição judicial" contra seu candidato nas presidenciais, Edmundo González Urrutia, que recebeu uma segunda intimação depois de denunciar fraude nas eleições de 28 de julho.
O Ministério Público investiga o ex-diplomata por supostamente ter cometido "usurpação de funções" e "falsificação de documento público" — crimes que, em teoria, podem acarretar a pena máxima de 30 anos de prisão.
"A Plataforma Unitária Democrática da Venezuela denuncia ante o país e o mundo a perseguição judicial à qual está submetida nosso candidato presidencial Edmundo González Urrutia, que ganhou de forma esmagadora a última eleição presidencial do último 28 de julho", indicou a coalizão em uma mensagem divulgada na rede social X.
"A reiterada convocação do Ministério Público busca justificar um mandato de execução contra nosso candidato vencedor, para acentuar sua perseguição", acrescentou a Plataforma, formada por dez partidos opositores.
González, de 74 anos, que está escondido há três semanas, foi intimado pela primeira vez na segunda-feira, mas considera que se trata de "uma intimação sem garantias de independência e devido processo". No domingo, ele acusou o procurador-geral, Tarek William Saab, de ser um "acusador político".
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou o presidente Nicolás Maduro vencedor das eleições com 52% dos votos, embora sem publicar as atas de votação que comprovariam o resultado — validado pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) na semana passada.
A oposição, por sua vez, reivindica a vitória de González Urrutia por 67% e publicou na internet cópias de mais de 80% dos registros de votação que alega ter em seu poder. Relatos sob condição de anonimato de fiscais do chavismo — que tiveram acesso aos boletins das urnas — dão conta que o opositor realmente venceu o pleito de forma contundente, revelou o jornal venezuelano Caracas Chronicles.
Maduro chamou González Urrutia de "covarde", enquanto Saab o culpou, além da líder opositora María Corina Machado, pela violência nos protestos pós-eleitorais que deixaram 27 mortos — dois deles militares —, quase 200 feridos e mais de 2,4 mil presos.
María Corina convocou novas manifestações para a quarta-feira, 28 de agosto, um mês após as eleições presidenciais. O chavismo também anunciou manifestações de rua no mesmo dia.