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Oposição venezuelana confronta tropas na fronteira, e tensão cresce

Tropas foram posicionadas nas fronteiras do país para impedir a entrada de comida e remédios na nação

Oposição e ativistas venezuelanos se preparam neste sábado para confrontar tropas que foram posicionadas nas fronteiras do país (Ricardo Moraes/Reuters)

Oposição e ativistas venezuelanos se preparam neste sábado para confrontar tropas que foram posicionadas nas fronteiras do país (Ricardo Moraes/Reuters)

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Reuters

Publicado em 23 de fevereiro de 2019 às 11h26.

Colômbia/Venezuela - Oposição e ativistas venezuelanos se preparam neste sábado para confrontar tropas que foram posicionadas nas fronteiras do país para impedir a entrada de comida e remédios na nação, algo que as autoridades locais classificam como uma invasão velada por parte dos Estados Unidos.

Voluntários da oposição no Brasil e na Colômbia planejam chegar à fronteira para levar ajuda humanitária para uma população doente e faminta, que sofre com a crise econômica do país sob o governo do presidente Nicolás Maduro.

Embora a necessidade de comida e remédios seja real, os atos planejam constranger os militares que ainda apoiam o governo de Maduro, que está crescentemente isolado.

Juan Guaidó, reconhecido pela maioria das nações do Ocidente como o legítimo chefe de Estado do país, desafiou decisões de tribunais de não deixar a nação e chegou na sexta-feira à cidade colombiana de Cúcuta, onde ajuda humanitária dos governos da Colômbia e dos EUA estão estocadas em armazéns.

Guaidó, de 35 anos, chefia o Congresso, que é controlado pela oposição, e deu poucas novidades sobre o plano de transporte dos mantimentos. Caminhões devem ser conduzidos por voluntários venezuelanos, e algumas figuras da oposição sugerem formar cadeias humanas para realizar o transporte.

"Os obstáculos que a ditadura criou hoje serão rios de unidade e de paz amanhã", disse Guaidó em coletiva de imprensa em Cúcuta, onde foi recebido pelo presidente colombiano, Ivan Duque.

Soldados venezuelanos podem bloquear a passagem dos mantimentos. O vice-presidente, Delcy Rodriguez, disse pelo Twitter na sexta-feira que o governo venezuelano fechou a fronteira com Táchira, que se conecta com Cúcuta temporariamente, "devido a uma série de ameaças ilegais" da Colômbia.

Um grupo de venezuelanos que tentou cruzar a fronteira para a Colômbia neste sábado atirou pedras e garrafas contra soldados da Guarda Nacional, que responderam com gás lacrimogêneo.

"Todos vamos trabalhar. Queremos trabalhar. As pessoas tentaram forçar a passagem", disse Viviana Meza, de 29 anos, que trabalha em um restaurante em Cúcuta.

Pelo menos quatro membros da Guarda Nacional negaram neste sábado a liderança de Maduro e pediram ajuda ao governo colombiano, disse neste sábado a agência migratória da Colômbia.

Vídeos publicados nas redes sociais mostraram multidões vaiando e então aplaudindo os homens enquanto eles eram escoltados pela polícia colombiana.

Maduro culpa as sanções norte-americanas pela situação do país. Elas impedem que a nação obtenha financiamento da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). O vice-presidente diz que a ajuda humanitária está envenenada.

Preocupações sobre possíveis conflitos aumentaram na sexta-feira, quando o Exército venezuelano abriu fogo em um vilarejo perto da fronteira com o Brasil, depois que líderes indígenas os tentaram impedir de avançar. Um casal morreu.

"Não planejo deixar minha casa no fim de semana, especialmente depois do que aconteceu no Brasil", disse Paulina Sánchez, uma avó de 68 anos que vive a apenas 300 metros da ponte Francisco de Paula, uma das possíveis rotas da ajuda humanitária. "Isso pode se transformar em um barril de pólvora."

Quase 200 mil pessoas participaram de um show beneficente em Cúcuta, na sexta-feira. Entre os artistas, estava o astro de "Despacito" Luis Fonsi. Um show rival foi armado pelo Partido Socialista na Venezuela, mas não teve grande adesão.

Em janeiro, Guaidó invocou artigos da Constituição para assumir a presidência interinamente e chamou Maduro de usurpador, alegando que sua reeleição, em 2018, foi ilegítima.

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