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Oposição venezuelana adia passeata contra Constituinte

Governo Maduro não anunciou exatamente quando será a instalação da Constituinte, o que tem criado confusão entre seus adversários

Protestos na Venezuela: mobilização pretende denunciar a "ilegitimidade" da Assembleia Constituinte (Ueslei Marcelino/Reuters)

Protestos na Venezuela: mobilização pretende denunciar a "ilegitimidade" da Assembleia Constituinte (Ueslei Marcelino/Reuters)

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AFP

Publicado em 2 de agosto de 2017 às 09h24.

Última atualização em 2 de agosto de 2017 às 12h31.

A oposição venezuelana decidiu adiar de quarta para quinta-feira a grande passeata contra a instalação da Assembleia Constituinte, um supra-poder que regerá o país por tempo indeterminado.

"Atenção: a passeata contra a fraude constituinte será nesta quinta-feira, dia no qual a ditadura pretende 'instalar' a fraude", publicou no Twitter o dirigente Freddy Guevara.

O governo não anunciou exatamente quando será a instalação da Constituinte, o que tem criado confusão entre seus adversários.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse na segunda-feira que a instalação da Constituinte ocorreria "nas próximas horas".

O poderoso dirigente chavista Diosdado Cabello declarou que após a eleição de seus membros a Constituinte tem um prazo de 72 horas para começar, mas não precisou quando inicia a contagem do prazo.

A mobilização pretende denunciar a "ilegitimidade" da Assembleia Constituinte, não reconhecida por vários países, incluindo os Estados Unidos, e condenar a detenção dos presos mais emblemáticos da oposição: Leopoldo López e o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, acusados de planejar uma fuga e de convocar um boicote à votação estimulada pelo presidente Nicolás Maduro.

Os dois foram levados para a prisão militar de Ramo Verde, nas proximidades da capital Caracas.

O percurso da passeata de quinta-feira ainda não foi revelado, mas deve tentar chegar ao Palácio Legislativo, sede do Parlamento de maioria opositora e que em breve também será a sede da Assembleia Constituinte.

Mas em quatro meses de protestos da oposição, que deixaram 125 mortos, as manifestações não conseguiram se aproximar em nenhum momento do centro de Caracas, onde se concentram os poderes públicos e área que é considerada um reduto chavista.

López e Ledezma foram levados de suas casas por agentes do Serviço de Inteligência (Sebin) na madrugada desta terça-feira.

Segundo o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), López e Ledezma foram presos por supostos planos de fuga e suas declarações políticas.

López não podia "fazer nenhum tipo de proselitismo político" e Ledezma, prefeito de Caracas, tinha "a obrigação de se abster de fazer declarações a qualquer meio", assinalou um comunicado do TSJ.

A oposição venezuelana e os advogados de defesa de López e Ledezma negaram de forma contundente que os dois líderes tivessem a intenção de fugir.

O presidente americano, Donald Trump, afirmou que Maduro é "pessoalmente responsável" pelo estado de saúde de López e Ledezma, que "são presos políticos detidos ilegalmente pelo regime" venezuelano.

"Reiteramos nosso pedido pela libertação imediata e incondicional de todos os presos políticos" na Venezuela. "Os Estados Unidos condenam as ações da ditadura de Maduro. Esta ação é mais uma prova do regime autoritário de Maduro".

O Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU declarou que está "profundamente preocupado" com as prisões e pediu a Caracas que liberte todos aqueles que exercem os seus direitos democráticos.

López, de 46 anos, estava em prisão domiciliar desde 8 de julho, depois de passar três anos e cinco meses na prisão militar de Ramo Verde, nas proximidades de Caracas, onde cumpria uma pena de quase 14 anos, condenado pela acusação de instigar a violência nos protestos de 2014 contra Maduro, que deixaram 43 mortos.

Ledezma, de 62 anos, foi detido em fevereiro 2015, acusado de conspiração e associação para delinquir. Três meses depois obteve o benefício da prisão domiciliar por motivos de saúde, depois de ser operado de uma hérnia.

Ledezma foi tirado de sua casa de pijama enquanto uma vizinha gritava por socorro, segundo imagens divulgadas nas redes sociais. Sua mulher, Mitzy Capriles, qualificou a ação de "sequestro" e pediu, da Espanha, que uma "equipe de legistas" o examine. "Temos uma profunda angústia".

Em um vídeo difundido nas redes sociais e gravado antes de ser preso, López deu a entender que sua mulher, Lilian Tintori, atualmente nos Estados Unidos, está grávida do terceiro filho.

"Aqui há outra razão para lutar pela Venezuela, que foi uma das melhores notícias que recebi, ou a melhor que recebi nos últimos três anos e meio", disse López sorridente, enquanto acariciava a barriga de sua esposa.

A Venezuela, que sofre uma severa crise econômica, entrou em uma nova etapa do conflito político com a eleição dos 545 representantes da Constituinte, que modificará a Carta Magna de 1999, aprovada no governo do presidente Hugo Chávez, falecido em 2013.

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