Juan Guaido: o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela faz discurso em 13 de janeiro de 2019. (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
Da Redação
Publicado em 23 de janeiro de 2019 às 06h21.
Última atualização em 24 de janeiro de 2019 às 12h48.
Um protesto convocado por Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional do Venezuela e líder da oposição no país, deve medir a força do apoio popular à tentativa de deslegitimar o novo mandato de Nicolás Maduro, iniciado há duas semanas. A data é lembrada pelo fim da ditadura de Marcos Pérez Jiménez no país de 23 de janeiro de 1958.
O Poder Legislativo venezuelano não reconhece a eleição que concedeu o terceiro mandato do líder Nicolás Maduro e o considera “usurpador”. A eleição de 2018 foi altamente contestada, com opositores presos e acusações de fraude. O parlamento, então, defende a criação de um governo de transição e novas eleições.
O Brasil e outros 13 países do ‘Grupo de Lima’ também não reconhecem Maduro como presidente do país. Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lucía não reconhecem a legitimidade da eleição venezuelana de 2018.
Dois importantes aliados dos opositores são o Brasil e os Estados Unidos. Em sua chegada a Davos, Jair Bolsonaro afirmou que espera que a Venezuela mude de governo "rapidamente". Ontem, o vice-presidente americano, Mike Pence, gravou um vídeo de apoio à oposição em que chamou Maduro de "ditador".
Guaidó declarou-se presidente interino do país. Isso porque, pela Constituição venezuelana, a vaga presidencial pode ser preenchida pelo presidente da Assembléia Nacional. Na tentativa de ganhar apoio entre os militares, Guaidó ofereceu anistia aos desertores.
Grupos crescentes de militares da Guarda Nacional da Venezuela também não apoiam Maduro. Na segunda-feira, 21, um motim aconteceu na cidade de Caracas, capital venezuelana, contra o governo. Alguns militares roubaram um esconderijo de armas e sequestraram quatro policiais de um posto de comando da guarda nacional. Eles também haviam divulgado um vídeo nas redes sociais defendendo o fim do governo de Maduro e pedindo aos civis que fossem às ruas para mostrar apoio ao movimento.
Agentes das Forças Armadas detiveram 27 militares depois do motim, mas civis continuaram indo às ruas para protestar contra Maduro e apoiar os militares. Depois do ocorrido, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, tomado por forças de Maduro, considerou a Assembleia Nacional ─ presidida por Guaidó ─ inconstitucional e “destituída de mesa diretora”.
Sobre a medida do TSJ, Guaidó afirmou: “Este Parlamento se mantém firme com as decisões tomadas. Temos um foco muito claro: em 23 de janeiro todos esses venezuelanos estejam muito atentos”, reforçando os protestos convocados. Nesta madrugada, ele divulgou, pelo Twitter, os pontos de partida dos manifestantes.
A Organização dos Estados Americanos convocou um protesto para tratar da situação venezuelana para quinta-feira. As pressões externas e internas devem pressionar cada vez mais Maduro, que afirmou que responderá com "mão de ferro". Os próximos dias mostrarão se a pressão terá força de enfim começar a terminar seu trágico governo.