Mundo

Oposição tem o desafio de unir grupos rebeldes sírios

O primeiro-ministro da oposição, Ghassan Hito, também deverá administrar os territórios sob controle da oposição e fazer chegar ajuda humanitária à população civil


	Tropas sírias: Hito ressaltou, em seu primeiro discurso público, que sua principal prioridade será "utilizar todos os meios de imprensa para conseguir a queda do regime de Bashar al Assad".
 (AFP)

Tropas sírias: Hito ressaltou, em seu primeiro discurso público, que sua principal prioridade será "utilizar todos os meios de imprensa para conseguir a queda do regime de Bashar al Assad". (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de março de 2013 às 15h00.

Istambul - Uma imensa tarefa aguarda Ghassan Hito, que nesta terça-feira assumiu como primeiro-ministro da oposição síria no exterior: unificar os grupos rebeldes sob um comando único, administrar os territórios sob controle da oposição e fazer chegar ajuda humanitária à população civil.

Mas Hito ressaltou em seu primeiro discurso público em Istambul após ser eleito pela Coalizão Nacional Síria (CNFROS), que sua principal prioridade será "utilizar todos os meios de imprensa para conseguir a queda do regime de Bashar al Assad".

"Povo sírio: prometo trabalhar para libertar vocês da escravidão", afirmou perante os 61 membros da CNFROS, reunidos desde ontem em um hotel de luxo em Istambul.

"Estamos perante uma situação com grandes complicações, mas nossa prioridade é fazer cair este regime", acrescentou Hito.

O novo primeiro-ministro também se comprometeu a "trabalhar desde as regiões liberadas e, assim que o regime cair, realizar eleições transparentes e livres".

Para esta fase de combate é imprescindível coordenar sob um comando unificado os diversos grupos armados e "falanges" (katiba) que lutam contra as forças regulares, a maioria deles, embora nem todos, aglutinados sob as siglas do Exército Livre da Síria (ELS).

No discurso inagural do ato realizado nesta terça, o presidente da CNFROS, o teólogo muçulmano Moaz Khatib, afirmou que "não serão tolerados atos terroristas" na Síria.


Mas ao mesmo tempo, afirmou que "entre o povo sírio não há terroristas", no que parece um gesto de aceitação da milícia extremista islamita Yabhat al Nusra, declarada terrorista pelos Estados Unidos.

Em fevereiro, George Sabra, presidente do Conselho Nacional Sírio (CNS), um dos grupos que compõem a Coalizão, já tinha feito um gesto similar, ao descrever a milícia como "parte da revolução e a resistência contra Assad".

Hito pediu à comunidade internacional apoio financeiro e militar para o ELS, assim como a instauração de uma zona de exclusão aérea e a distribuição de ajuda humanitária nas zonas sob controle rebelde.

Além disso, exigiu acesso aos fundos do Governo sírio que estejam congelados em bancos estrangeiros, já que se trata de "riquezas que pertencem ao povo e devem ser devolvidas".

Como outros destacados membros da oposição nas últimas semanas, Hito se nega a manter conversas com o regime de Bashar al Assad e declarou que os responsáveis dos crimes atuais devem ser julgados nos tribunais, uma vez que seja estabelecida a nova Síria.

A escolha de Hito surpreendeu, dado que este executivo de telecomunicações de 50 anos, que viveu três décadas no Texas (EUA) e possui um passaporte americano, não teve até agora um papel importante dentro da oposição síria.

Uma das principais críticas dos revolucionários de base contra os organismos antecessores da Coalizão, como o Conselho Nacional Sírio (CNS), é que são compostos por exilados que ficam muito tempo fora do país, algo que seria válido também para Hito.


No entanto, Hefiz Abdulrahman, ativista curdo-sírio e membro do CNS, não acredita que sua nomeação vá ter um peso específico, já que o cargo de primeiro-ministro da oposição também não diz que ele tem um poder absoluto.

"A pessoa concretamente não importa tanto, mas o fato de que haverá um gabinete que começará a trabalhar", opinou Hefiz em uma conversa telefônica com a Agência Efe.

Segundo o ativista, agora é o momento adequado, pois existem já grandes regiões que arrebataram o controle de Assad, onde é preciso estabelecer urgentemente uma administração civil, melhorar a segurança cidadã e o império da lei.

A formação de um gabinete permitirá identificar e atribuir tarefas concretas, e outra prioridade, que representa um enorme desafio, é criar um comando unificado de todas as milícias locais.

Por outro lado, Hefiz lamentou o fato de que o Conselho Nacional Curdo não tenha participado da reunião de Istambul, já que "parece se preocupar mais com os direitos dos curdos do que com os cidadãos em geral".

No entanto, disse que as relações entre os grupos curdos e o gabinete sírio opositor serão boas, porque "há contatos".

O ativista disse esperar, além disso, que o próprio trabalho de Hito e seu futuro gabinete sirva para unificar todos os bandos da oposição síria. 

Acompanhe tudo sobre:GuerrasPolíticaSíria

Mais de Mundo

Putin sanciona lei que anula dívidas de quem assinar contrato com o Exército

Eleições no Uruguai: Mujica vira 'principal estrategista' da campanha da esquerda

Israel deixa 19 mortos em novo bombardeio no centro de Beirute

Chefe da Otan se reuniu com Donald Trump nos EUA