Soldados do Exército Livre da Síria durante uma troca de tiros com as forças leais ao presidente Bashar al-Assad (Muzaffar Salman/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de dezembro de 2012 às 13h02.
Alepo - A Rússia convidou o líder da oposição da Síria nesta sexta-feira para uma visita pela primeira vez, mas a oposição rapidamente rejeitou um novo apelo de Moscou por conversas com o governo do presidente Bashar al-Assad para acabar com a guerra civil de 21 meses.
Com o avanço dos rebeldes no segundo semestre de 2012, os diplomatas vêm procurando há meses por sinais de que Moscou, o principal apoiador internacional de Assad, irá retirar a sua proteção.
Até agora, a Rússia tem mantido a sua posição de que os rebeldes devem negociar com o governo de Assad, que governa desde que seu pai tomou o poder em um golpe de Estado há 42 anos.
"Eu acho que uma avaliação realista e detalhada da situação dentro da Síria incentivará os membros da oposição razoáveis a buscar maneiras de iniciar um diálogo político", disse o chanceler russo, Sergei Lavrov, nesta sexta-feira.
A declaração foi imediatamente rejeitado pela Coalizão Nacional, de oposição.
"A coalizão está pronta para conversações políticas com qualquer um... mas não vai negociar com o regime de Assad", afirmou o porta-voz Walid al-Bunni à Reuters.
"Tudo pode acontecer depois que o regime de Assad e todos os seus fundamentos se forem. Depois disso, podemos sentar com todos os sírios para definir o futuro." O enviado de Moscou para o Oriente Médio, o vice-ministro das Relações Exteriores, Mikhail Bogdanov, convidou o líder da Coalizão Nacional, Moaz Alkhatib, para uma visita -- sua primeira abertura ao chefe da organização formada no mês passado, desde então reconhecida pela maioria dos países ocidentais e árabes como legítima representante da Síria.
O porta-voz Bunni não disse se Alkhatib aceitaria o convite, afirmando que as intenções de Moscou não estavam claras.
O mediador da ONU, Lakhdar Brahimi, que acaba de encerrar uma viagem de cinco dias a Damasco, onde se encontrou com Assad, deve ir a Moscou no sábado para conversas. Brahimi vem divulgando um plano de paz que pede por um governo de transição.
Esse plano da ONU tem sido amplamente visto como carta morta, afundando já no início sobre a questão se o órgão transitório incluiria Assad ou seus aliados.
O antecessor de Brahimi, Kofi Annan, deixou o cargo frustrado, dizendo que os países não estavam comprometidos com um acordo.
Mas com os rebeldes tomando o controle de grande parte do país nos últimos meses, a Rússia e os Estados Unidos têm trabalhado com Brahimi para ressuscitar o plano de paz como o único caminho diplomático de negociações reconhecido internacionalmente.
Bogdanov afirmou que as negociações ainda estavam agendadas entre os "três Bs" - ele próprio, Brahimi e o subsecretário de Estado dos EUA, William Burns.
Falando em Damasco na quinta-feira, Brahimi pediu por um governo de transição com "todos os poderes do Estado", uma frase interpretada pela oposição como potencial sinalização de tolerância a Assad permanecendo em um papel cerimonial.
"Este processo de transição não deve levar ao... colapso das instituições estatais. Todos os sírios, e aqueles que os apoiam, devem cooperar para preservar as instituições e fortalecê-las", disse Brahimi.
Tal plano, no entanto, é um anátema para os rebeldes, que agora acreditam que podem remover Assad com uma vitória militar, apesar de terem sido superados por suas forças durante muito tempo.
"Nós não concordamos em nada com a iniciativa de Brahimi. Nós não concordamos com nada que Brahimi diz", afirmou o coronel Abdel-Jabbar Oqaidi, que chefia o conselho militar dos rebeldes na província de Aleppo, a jornalistas em sua sede.