Rebeldes sírios enfrentam tropas do regime de Assad na cidade de Aleppo: formação de um governo é vista como uma ameaça para alguns membros da CNS (©afp.com)
Da Redação
Publicado em 21 de janeiro de 2013 às 12h55.
Istambul - Líderes da oposição síria disseram nesta segunda-feira que não conseguiram chegar a um acordo sobre um governo de transição para governar áreas controladas pelos rebeldes, em um novo golpe nos seus esforços para apresentar uma alternativa ao regime do presidente Bashar al-Assad.
A Coalizão Nacional Síria (CNS) disse em um comunicado que um comitê de cinco membros iria apresentar propostas sobre a formação de um governo dentro de 10 dias, depois que as conversas em um hotel de Istambul terminaram sem um acordo sobre um primeiro-ministro interino.
A formação de um governo é vista como uma ameaça para alguns membros da CNS, especialmente a Irmandade Muçulmana, que perderia influência se um corpo executivo menor for eleito.
As negociações de Istambul, a segunda tentativa da oposição para formar um governo, só destacaram as divisões na coalizão e correm o risco de minar o apoio para o grupo formado há dois meses no Catar com apoio ocidental e do Golfo.
Lutas de poder dentro da coalizão de 70 membros têm minado os esforços para chegar a um acordo sobre um governo de transição.
"Este é um grande golpe para a revolução contra Bashar al-Assad", disse um líder da oposição síria que participou da reunião, mas que não quer ser identificado porque opera escondido na Síria.
Ele disse que metade da CNS se opôs à ideia de um governo de transição por completo, mesmo depois que o grupo abandonou uma estipulação prévia de que os membros da coalizão não teriam permissão para servir no governo.
A coalizão, dominada por islâmicos e seus aliados, disse na declaração que a sua comissão de cinco membros iria consultar as forças de oposição, o Exército Sírio Livre e países amigáveis sobre os compromissos políticos e financeiros necessários para fazer um governo viável.
Rebeldes indisciplinados
Fontes ligadas às negociações disseram no domingo que o presidente da CNS, Moaz Alkhatib, tinha voado para o Catar para garantir promessas de ajuda financeira para um governo de transição em áreas controladas pelos rebeldes.
Alkhatib, um pregador de Damasco moderado, está no comitê junto com o empresário Mustafa al-Sabbagh, que é próximo do Catar, e com a figura tribal Ahmad Jarba, que tem boas relações com a potência regional Arábia Saudita.
Rebeldes tomaram grandes áreas da Síria do controle das forças de Assad, mas o fracasso da oposição em prestar serviços básicos, crescentes relatos de indisciplina e saques por combatentes rebeldes têm minado o apoio público para sua causa.