Sobreviventes de suposto ataque em mesquita: ativistas disseram que foguetes com agentes químicos atingiram os subúrbios de Damasco (Bassam Khabieh/Reuters)
Da Redação
Publicado em 21 de agosto de 2013 às 09h10.
Beirute/Amã - Um grupo de oposição sírio acusou as forças do presidente Bashar al-Assad de lançar um ataque com gás que matou mais de 494 pessoas nesta quarta-feira, no que seria, se confirmado, de longe o pior relato de uso de armas químicas nos dois anos de guerra civil.
Imagens, entre elas algumas tiradas por fotógrafos da Reuters, mostram dezenas de corpos, incluindo de crianças pequenas, alinhados no chão de uma clínica médica, sem sinais visíveis de ferimentos. A Reuters não conseguiu verificar independentemente a causa das mortes.
A televisão estatal síria negou que as forças do governo tenham usado gás venenoso e disse que as acusações tinham a intenção de distrair uma equipe de especialistas em armas químicas da Organização das Nações Unidas que chegou há três dias.
Ativistas disseram que foguetes com agentes químicos atingiram os subúrbios de Damasco de Ain Tarma, Zamalka e Jobar durante intenso bombardeio na madrugada pelas forças do governo.
Uma enfermeira de um complexo emergencial, Bayan Baker, disse que o número de mortos, entre os recolhidos a partir de centros médicos nos subúrbios a leste de Damasco, foi de pelo menos 213. Ativistas disseram que muitas centenas foram mortos.
"Muitas das vítimas são mulheres e crianças. Eles chegaram com suas pupilas dilatadas, membros frios e espuma na boca. Os médicos dizem que estes são sintomas típicos de vítimas de gás nervosos", disse a enfermeira.
A Grã-Bretanha disse que estava profundamente preocupada e iria levantar a questão no Conselho de Segurança da ONU, acrescentando que os ataques seriam "uma escalada chocante" da situação caso confirmado.
Um longo vídeo amador e fotografias apareceram na Internet. Um vídeo supostamente feito no bairro Kafr Batna mostra uma sala cheia com mais de 90 corpos, muitos deles crianças e algumas mulheres e homens idosos. A maioria dos corpos pareciam cinzentos ou pálidos, mas sem ferimentos visíveis. Cerca de uma dúzia estavam embrulhados em cobertores.
Outras imagens mostram médicos tratando pessoas em clínicas improvisadas. Um vídeo mostra os corpos de uma dúzia de pessoas deitadas no chão de uma clínica, sem ferimentos visíveis. O narrador no vídeo disse que eram todos membros de uma única família. Em um corredor do lado de fora estavam mais cinco corpos.
O chefe da Coalizão Nacional Síria, de oposição, disse que as forças de Assad haviam realizado um massacre: "Esta é uma oportunidade para (os inspetores da ONU) verem com seus próprios olhos este massacre e sabemos que este regime é criminoso", disse Ahmed Jarba.
Autoridades do governo de Assad disseram que nunca usariam gás venenoso, caso o tivessem, contra os sírios.
A televisão estatal síria citou uma fonte do Ministério de Informação, dizendo que "não há verdade alguma" nos relatos.
A Síria é um dos poucos países que não fazem parte do tratado internacional que proíbe armas químicas, e as nações ocidentais acreditam que tenham reservas não declaradas de gás mostarda, sarin e agentes nervosos.